Não sobrou nada
O sol ainda não estava escaldante, às 6h de ontem, mas Amaralina já vivia uma manhã quente, após um ônibus pegar fogo na Rua Visconde de Itaborahy, uma das principais vias de circulação do bairro, próximo à orla. Pelo histórico recente, houve quem pensasse se tratar de um protesto, mas não foi nada disso, como contou o motorista do coletivo, Gildevandi Amaral Santos. Segundo ele, as chamas começaram no próprio veículo, quando ele ainda seguia pela Avenida Manoel Dias, na Pituba. “Quando entrei na Visconde de Itaborahy, percebi que estava maior. Dei sinal para a cobradora de que ia botar o pessoal em outro carro. Desci e, quando abri o capô, vi que já tinha muito fogo. Subi, abri as portas e os passageiros desceram rapidamente”, disse. Segundo ele, o ônibus, da linha Aeroporto-Praça da Sé, tinha poucos passageiros no momento do incidente. Equipes do Corpo de Bombeiros estiveram no local e apagaram o incêndio.
Ainda de acordo com Gildevandi, a situação foi muito rápida e só deu tempo de tirar os pertences das pessoas. “A cobradora ficou muito nervosa e desceu chorando. Peguei a bolsa dela, meus documentos, mas não conseguimos salvar a renda [dinheiro das passagens]”, relatou ele. Gildevandi ainda tentou usar os extintores do coletivo, mas não adiantou. Não sobrou nada no veículo para contar a história. A maioria dos passageiros seguia para o trabalho e foi colocada dentro de outros ônibus.
Ontem à tarde, a Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) informou que abriu um processo administrativo para apurar o caso. De acordo com o secretário Fábio Mota, o veículo, da empresa Concessionária Salvador Norte, era do ano 2011 e a última vistoria nele havia sido feita em maio. “Temos várias hipóteses: curto-circuito, pane elétrica. O ônibus tem uma chave geral que, quando acionada, desliga todo o circuito elétrico do veículo. Ela foi acionada e o ônibus continuou pegando fogo”, afirmou Mota.
Ainda segundo ele, uma perícia já foi requisitada. “O resultado deve sair em 48 horas e, com isso, poderemos tomar mais providências”, completou.
Por conta do fogo, as vidraças de alguns prédios se quebraram e alguns moradores do local ficaram sem telefone fixo e internet durante quase todo o dia. No início da tarde, a empresa de telecomunicações Net já havia recolocado a fiação e restabelecido os serviços.
Quem utiliza a operadora
Oi, no entanto, ainda estava aguardando uma solução até o final da tarde. Segundo o empresário Fábio Filgueiras, 54 anos, os moradores do Edifício Judit Lea ficaram sem telefone fixo e internet. “Por conta da proximidade com o fogo, todas as vidraças se quebraram, o cimento e as pastilhas do 1º andar caíram”, comentou.
A empresa de ônibus irá bancar os danos aos imóveis. Fábio não estava em casa na hora do incêndio – soube pela televisão. “Na hora, não me assustei muito porque não imaginei que o fogo fosse causar esse estrago. Depois recebi uma ligação da minha vizinha, dizendo que era para vir abrir o apartamento para tirarem as medidas para as novas vidraças”, contou.
A vizinha, que preferiu não se identificar, estava em casa na hora das chamas. “Cheguei na janela e vi a labareda subindo. Minha sala parecia que tinha 60 graus (celsius). Estou sem telefone e internet desde às 6h”, afirmou. Em nota, a Oi disse que os técnicos já trabalhavam no local para restabelecer os serviços.