Soldado da PM confessa que matou colega, mas diz que tiro foi acidental
LOBATO Um policial militar se apresentou na Corregedoria da PM, na manhã de ontem, e assumiu a autoria da morte do soldado Marivaldo de Souza Amaral, 35 anos, em uma casa de shows, anteontem, na Avenida Suburbana, no bairro do Lobato. O autor não teve a identidade divulgada e disse que o tiro foi acidental. Marivaldo foi atingido na cabeça enquanto tentava separar uma briga em frente à casa de shows Point do Samba. Em nota, a Polícia Civil informou que o policial procurou a Corregedoria acompanhado de um advogado e depois foi até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde contou a sua versão. “Segundo o PM, ao (também) tentar conter a briga que acontecia em frente ao local, a arma acabou disparando e acertou Marivaldo. A arma, uma pistola 380, de uso pessoal, foi apreendida e seguirá para o Departamento de Polícia Técnica (DPT) para passar por perícia. Já o policial, por meio da Corregedoria, será encaminhado para o setor de psicologia da Polícia Militar”, disse a nota. O PM foi ouvido pelo delegado Odair Carneiro, da força-tarefa da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) - responsável pela investigação de crimes envolvendo policiais e foi liberado no final da tarde. O nome do policial e a companhia em que ele é lotado não foram divulgados “para proteger a integridade física do policial e de seus familiares”, segundo a polícia. A PM informou que o inquérito já foi instaurado e as circunstâncias do crime serão investigadas. O corpo de Marivaldo foi enterrado, na tarde de ontem, no Cemitério do Campo Santo, na Federação. Colegas da Rondesp, Gêmeos, Peto e de diferentes companhias da PM e de unidades da Polícia Civil marcaram presença para se despedir de Marivaldo, que trabalhava há cinco anos na 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/ Lobato). A vítima deixou esposa e duas crianças: uma filha e um enteado. Ele foi o 20º PM morto este ano no estado. Desses, dois estavam trabalhando no momento em que foram mortos; oito morreram em dias de folga, incluindo Marivaldo, e dez eram da reserva ou reformados. “É um colega que perdeu a vida e todos nós estamos muito sentidos”, afirmou o comandante da 19ª CIPM/Paripe, major Elsimar Leão. Um dos momentos de maior emoção foi durante a execução, ao som de uma corneta, do Hino da Polícia Militar. Muitos policiais não seguraram as lágrimas. “É um sofrimento para a família e para todos nós. Mais uma vez estamos aqui para enterrar o corpo de mais um policial. Até quando?”, questionou o PM reformado Gilson Lopes. Uma salva de tiros encerrou a cerimônia. Amigos descreveram o PM como uma pessoa alegre e bem-humorada. O major Carlos Humberto Moreira, comandante da 14ª CIPM/Lobato, onde Marivaldo trabalhava há cinco anos, contou que o soldado era um exemplo para a corporação. “É um sentimento de consternação. O profissional que nos deixou era honesto, simples, um exemplo. É uma perda irreparável para todos nós”, afirmou.