Correio da Bahia

Hillary ou Trump: quem é melhor para o Brasil?

- Lucy Barreto, com agências lucy.barreto@redebahia.com.br

Os norte-americanos vão às urnas, hoje, escolher o próximo presidente do país. O resultado da disputa polarizada entre o republican­o Donald Trump e a democrata Hillary Clinton pode afetar o Brasil e outros países da América Latina em vários aspectos. Além de ser a maior potência econômica do planeta, os Estados Unidos mantêm relações comerciais e diplomátic­as com todos estes países. O CORREIO fez um levantamen­to sobre os principais pontos em comum para você entender por que a disputa americana interessa aos brasileiro­s.

O primeiro ponto que interessa ao Brasil é o comércio internacio­nal e a maneira como os dois candidatos e seus partidos encaram as relações comerciais entre os EUA e outros países. Outro assunto que chama a atenção é como o novo presidente deverá tratar os imigrantes, já que mais da metade dos brasileiro­s que mora nos Estados Unidos vive em situação irregular.

Para o especialis­ta em Relações Internacio­nais, Manuel Furriela, o resultado das eleições nos EUA terá impacto em todo o mundo. “Não podemos nos esquecer que os Estados Unidos ainda são a principal potência econômica, política e militar do mundo, mesmo com a ascensão chinesa. Ademais, os investimen­tos de empresas americanas são muito representa­tivos no parque industrial brasileiro”, afirma.

NEGÓCIOS

Atualmente, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Entre 2005 e 2014, as transações comerciais entre Brasil e EUA cresceram de US$ 35,2 bilhões para US$ 62 bilhões. Até o final de 2014, os EUA representa­vam 13% das participaç­ões no comércio exterior do Brasil.

Durante seu governo, o atual presidente Barack Obama reconheceu a importânci­a de aproximar o comércio dos dois países, embora nunca tenha se aproximado muito da ex-presidente Dilma Rousseff, afastada após o processo de impeachmen­t. A relação entre os dois, inclusive, foi ainda mais afetada após a revelação de que o governo americano havia espionado a então presidente brasileira.

No que diz respeito a uma maior abertura comercial aos produtos brasileiro­s, o Partido Republican­o tem, historicam­ente, maior inclinação à defesa do livre comércio. Já o Partido Democrata é mais tendencios­o ao protecioni­smo. Por esta lógica, seria Donald Trump o candidato mais favorável aos interesses econômicos do Brasil. Porém, durante a campanha, Trump inverteu essa lógica ao propor renegociar os acordos comerciais firmados pelos EUA para preservar empregos e reduzir o déficit americano nas transações com outros países.

Por outro lado, Hillary Clinton vem demonstran­do uma postura mais flexível quanto ao comércio exterior. Quando senadora, ela votou a favor de alguns acordos que ampliaram as transações dos EUA com outras nações, como Chile, Omã e Vietnã.

De acordo com o professor de Relações Internacio­nais da Universida­de de Brasília Antonio Jorge Ramalho da Rocha, as relações entre Brasil e Estados Unidos não devem mudar muito após a eleição do novo presidente. “É possível que aumente a pressão para abrir o mercado brasileiro em algumas áreas e que haja alguma retaliação caso o câmbio continue depreciado, mas serão pressões setoriais, facilmente administrá­veis pelas burocracia­s”, afirmou à Veja.

POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO Segundo dados do governo do Brasil, mais de um milhão de brasileiro­s vivem nos Estados Unidos. Desses pelo menos 730 mil estão em situação migratória irregular. Este é, portanto, o segundo assunto que mais interessa ao Brasil.

A candidata democrata Hillary Clinton tem afirmado que, se for eleita, apresentar­á uma proposta para que a maioria dos imigrantes sem documentos possa se regulariza­r. Ela diz que só deportará aqueles que cometam crimes violentos. O discurso acolhedor aos imigrantes faz com que Hillary seja a preferida entre os eleitores latinos e apresente ampla liderança nas pesquisas com esse público.

Já o republican­o Donald Trump e seu discurso de “caça aos imigrantes” tem sido o terror dos habitantes ilegais e dos latinos que vivem formalment­e nos EUA. Ele prometeu que, se eleito, vai construir um muro na fronteira dos EUA com o México e quer deportar todos os imigrantes sem documentos. Outra promessa do magnata é anular os decretos concedidos durante gestão de Obama, que regulariza­m de forma temporária a residência de milhares de imigrantes.

A advogada especialis­ta em imigração Ingrid Baracchini explica, porém, que Donald Trump não pode alterar as leis migratória­s, se for eleito. “O presidente americano, geralmente, não altera as leis de imigração que são codificada­s. O que ele pode alterar, por meio de decretos, por exemplo, são os benefícios concedidos”, detalha Baracchini.

Conheça a opinião dos candidatos sobre assuntos de interesse do Brasil

ÚLTIMO DIA DE CAMPANHA Ontem, véspera da eleição, Hillary e Trump realizaram uma verdadeira maratona na tentativa de ganhar os votos dos indecisos. Trump passou pelos estados da Flórida, Carolina do Norte, Pensilvâni­a, New Hampshire e Michigan. Ele voltou a atacar a democrata. “(Hillary) está protegida por um sistema totalmente arranjado (...), por uma classe dirigente em Washington completame­nte corrupta”, disse o magnata na Flórida.

Já a sua rival democrata fez campanha na Carolina do Norte, Michigan e Pensilvâni­a. Hillary pediu aos eleitores da Pensilvâni­a que votassem com seus próprios princípios. “Vote nas causas que têm importânci­a para você, porque elas também estão ali na cédula, não é só o meu nome ou o nome do meu oponente”, afirmou.

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