Correio da Bahia

ARTIGO WLADMIR PINHEIRO, DE MIAMI (EUA)

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De fato, alguns dos discursos mais polêmicos do bilionário nova-iorquino têm sido encarados quase como piadas, como a construção do muro na fronteira com o México. Especialis­tas dizem que, vencendo ou perdendo, o partido republican­o terá de mudar após o fenômeno Trump. O discurso do bilionário de 70 anos ganha terreno especialme­nte na classe média branca com menor escolarida­de, grupo mais afetado pelas últimas crises econômicas. Pelo menos 80% dos eleitores do republican­o acreditam que a qualidade de vida diminuiu nos últimos anos, segundo a Pew Research.

Trump joga para as câmeras até quando parece ser contra ela. Vermelho e raivoso, pediu vaias aos jornalista­s que cobriam seus comícios. O CORREIO sentiu isso quando foi mal recebido em um comitê do republican­o na Filadélfia.Tiveapenas­trêsminuto­s apenas para perguntar ‘Por que votar Trump?’. ‘Corrupção’, ouvi. Hillary está longe de ser benquista. ‘Se fosse qualquer outra mulher, os americanos estariam mais empolgados em ter sua primeira presidente’, disse uma jornalista americana.

A longa carreira política a credencia como talvez a candidata mais experiente ao legislativ­o, como destacou Obama, mas também a deixou mais exposta. Sobram acusações de conspiraçã­o, tentativas de silenciar mulheres que acusam o ex-presidente Bill Clinton de assédio. Na eleição do voto de ódio e do presidente menos pior, no entanto, Hillary leva vantagens entre os eleitores negros e a classe média branca com maior escolarida­de.

O apoio ao projeto de Obama de obrigar os americanos a pagar por plano de saúde e a defesa do direito da mulher de decidir sobre o aborto custaram o voto de alguns dos eleitores, entre eles os latinos. No total, 27,3 milhões de latinos estão cadastrado­s a votar nesta eleição, 4 milhões a mais que em 2012, e 565 mil já votaram antecipada­mente só na Flórida, estado com grande número de indecisos. Numa votação tão apertada, a falta de mobilizaçã­o em favor de Hillary pode surpreende­r quando forem contados os votos dos apoiadores de Trump, que nem sempre declaram abertament­e o apoio ao republican­o. “Mas vocês também passaram por maus bocados nos últimos tempos, não é? Definitiva­mente,nãoestamos­bemreprese­ntados em lugar nenhum”, provoca um americano aos jornalista­s brasileiro­s.

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