Regras para eventos coíbe maus-tratos, diz associação
gulamentava a prática por lá. Por 6 votos a 5, os ministros entenderam que os animais sofrem violência física durante a atividade.
De acordo com o presidente da ABV, Valmir Velozo, a ideia é conseguir garantir que a Justiça não interprete a decisão do STF como uma proibição automática. “Estamos indo por esse caminho com todas que vão acontecer também. O Ministério Público é independente, então estamos procurando o promotor (de cada cidade) para ver se é contra ou a favor e entramos com ação cautelar”, comentou.
MOBILIZAÇÃO ESTADUAL Ontem, uma sessão especial no plenário da Assembleia Legislativa, no CAB, encerrou uma mobilização dos participantes de esportes equestres no estado, que começou no fim de semana. Com presença de mil vaqueiros e 500 cavalos, o evento foi organizado por deputados estaduais como Salles e Gika Lopes (PT) e, na sessão de ontem, contou com a presença do vice-governador João Leão (PP) e do senador Otto Alencar (PSD).
“A gente quer mobilizar a população urbana para que respeite as tradições, a cultura e os empregos da população rural. É melhor ter regra do que ficar na clandestinidade e não conseguir fiscalizar”, comentou Salles. Para o deputado, o problema da vaquejada pode desencadear um problema muito maior: no Brasil, são mais de 3,2 milhões de empregos ligados direta ou indiretamente às 50 modalidades de esportes equestres.
Além disso, a Bahia tem o maior rebanho de jumentos, burros e mulas do Brasil – 1,2 milhão de um total de 7,5 milhões em todo o país. Ele calcula ainda cerca de 600 mil cavalos. “A Bahia é o estado que mais vai perder, e o problema é nosso. O que vai acontecer com esses animais? Os jumentos, hoje, andam pelas beiras de estradas passando fome e sede e até causando acidentes. Esses ativistas que se dizem abolicionistas de animais vão ter, então, que arrumar asilos para cuidar desses animais”, comentou.
DIMENSÃO
Segundo o deputado Gika, a Bahia tem cerca de 250 vaquejadas “consagradas”, que acontecem anualmente. Mas, se formos contar todos os tipos de evento, o número pode chegar a mil, de acordo com a ABV. Só em Serrinha, considerada “a capital da vaquejada no Brasil”, são 17 parques de vaquejada.
“Hoje, todos estão parados. Todas essas pessoas investiram (no ramo) e o que acontece é prejuízo total. Todos na cidade acabam em dificuldade, porque não tem movimento. Tinha outros dois parques sendo construídos, mas pararam por conta dessa situação. Estamos com um problema e não estamos vendo a dimensão dele”, ponderou o deputado Gika, que é dono de um dos parques de vaquejada na cidade – o Alto Sereno.
Ainda de acordo com ele, hoje, as principais vaquejadas baianas movimentam diretamente cerca de R$ 15 milhões por ano – considerando todas, a ABV estima R$ 200 milhões anualmente. “E tem muitas pessoas envolvidas na vaquejada, que é nossa cultura nordestina. Vem selaria, arreio, fábrica de ração, músicos, locutores, juízes de prova, as pessoas que montam suas barracas... É uma cadeia muito grande. Se isso acontecer (a proibição), só Deus para ter pena da gente. Espero que o povo se sensibilize e veja que estamos com uma vaquejada moderna”, concluiu. “Vaquejada moderna” é uma expressão comum entre os defensores da prática na Bahia. Segundo eles, é para marcar a diferença entre a atividade praticada antigamente e a que ocorre hoje, quando há uma lista de procedimentos para garantir que os animais sejam bem cuidados, de acordo com o veterinário da ABV Maurício Suassuna. Para começar, os bois só podem ir da fazenda onde vivem até as pistas de torneio se tiverem uma guia de trânsito de animal – que atesta a sanidade dos bichos. Depois, são acomodados em curral com comida, água e sombra. “Quando a temperatura está alta, são banhados”, cita. Ainda segundo Suassuna, não existe nada do tipo “choque elétrico” para indicar por onde os animais devem seguir e nenhum boi ou cavalo ferido pode participar dos eventos.
No último dia 25, o Conselho Federal de Medicina Veterinária “deliberou pela posição contrária à prática em função de sua intrínseca relação com maus-tratos aos animais”.