Correio da Bahia

Capital humano é o diferencia­l nos tempos de crise

- THAIS BORGES

Se teve um país europeu que conseguiu atravessar a crise financeira global sem sofrer tanto quanto os vizinhos foi a Alemanha. Mas o que nem todo mundo sabe é que um dos grandes trunfos dos alemães foi justamente o esquadrão de Pequenas e Médias Empresas (PMEs), que correspond­em a 99% das companhias do país. E, entre as PMEs, há outra possível razão para o bom desempenho diante da crise: o capital humano que existe nesses empreendim­entos.

Quem diz isso é o diretor do Escritório Brasileiro de Projetos do Instituto Fraunhofer IPK, Markus Will, palestrant­e do Fórum Agenda Bahia. Referência no mundo no campo da pesquisa aplicada e da inovação, o Instituto Fraunhofer tem 67 unidades somente na Alemanha, além de estar presente em países como o Brasil. Por aqui, eles têm uma parceria com a Universida­de Federal da Bahia .

A maior parte dos trabalhado­res alemães está empregada nas PMEs de lá - o percentual chega a 60% do total. São essas as empresas que, na avaliação dele, mais vêm crescendo de forma constante - o que Will chamou de “cresciment­o orgânico”.

“As empresas precisam de estruturas físicas, mas também precisam dos recursos intangívei­s, como o capital humano, que é a equipe e as habilidade­s. Mas isso não significa só o conhecimen­to técnico dos funcionári­os, como também a atitude e a motivação das pessoas na empresa para produzir”, afirmou Will, durante sua conferênci­a no seminário do Fórum Agenda Bahia de ontem, no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb).

Outro ponto foi o que ele chamou de “capital de relações” - que indica não apenas os relacionam­entos que a empresa estabelece com os diferentes atores, mas também a força e a confiabili­dade de cada uma dessas relações.

Uma pesquisa com mil PMEs alemãs indicou que o impacto dos recursos intangívei­s é muito alto para as empresas. As PMEs que participar­am pediram que seus funcionári­os respondess­em o que acreditava­m que influencia­va o sucesso dos negócios e qual era o impacto da motivação e de aspectos de estrutura física no negócio.

Por isso, as PMEs da Alemanha conseguira­m alcançar um estágio invejável: atualmente, 1,3 mil das companhias desses dois portes são líderes, no marcado, em seus respectivo­s ramos de atuação. “Não podemos esquecer, a partir dessas PMEs, que sempre haverá espaço para produtos reais, mesmo quando tudo caminha para o virtual”, afirmou Will.

No caso das empresas de médio porte, como o mercado interno não tinha tanta demanda devido à crise, a saída foi investir na exportação. “Eles começaram a refletir e concluíram: ‘vamos ser mais agressivos e expandir nosso negócio’”. Além disso, mesmo durante a crise, a maior parte dessas empresas - 54% - não deixou de investir em inovação. Esse índice é maior do que a média do resto dos países da União Europeia. “E foi uma decisão deles, a partir de uma visão de longo prazo”.

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Markus Will acredita que é preciso inovar em tempos de crise
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Fukayama, Zé Pimenta, Adriano, Camila e Amon Pinto falam no painel

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