Nova fase da Lava Jato mira rede de propina criada por dois operadores
OPERAÇÃO DRAGÃOR A Polícia Federal deflagrou ontem a 36ª fase da Lava Jato, batizada de Operação Dragão. Foram cumpridos 18 ordens judiciais em cidades do Ceará, São Paulo e Paraná, sendo 16 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva - contra o empresário e lobista Adir Assad, que já está preso em Curitiba, e o advogado Rodrigo Tacla Duran, que está no exterior. Ambos são acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) de lavar mais de R$ 50 milhões, entre 2011 e 2013, para empresas investigadas no esquema de corrupção da Petrobras, como a UTC Engenharia e a Mendes Júnior.
Nesta fase da Lava Jato, são apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, manutenção não declarada de valores no exterior e lavagem de dinheiro. Segundo a força-tarefa do MPF, Assad e Duran são “especializados na lavagem de capitais de grandes empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato”. “Há evidência de que esses operadores financeiros atuavam de forma contínua e prolongada na lavagem de dinheiro, fazendo disso a sua profissão”, afirmou o procurador Julio Motta Noronha.
Segundo o MPF, as investigações resultaram na descoberta de “diversas evidências” de que os dois operadores utilizaram mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro. Entre os quais, contas bancárias de offshores no exterior, empresas de fachada e contratos falsos. “As provas coletadas em fases anteriores da Operação Lava Jato, somadas à análise das informações obtidas por intermédio de afastamentos de sigilo bancário, fiscal e telemático, permitiram identificar que os referidos operadores financeiros participaram ativa e continuamente do grande esquema criminoso”, diz a nota da força-tarefa do MPF. De acordo com a Procuradoria, Duran foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas controladas por ele, como a Econocell do Brasil, TWC Participações e Tacla Duran Sociedade de Advogados. Todas foram usadas, segundo o MPF, para operar recursos e propinas para a UTC e Mendes Júnior, cuja soma alcanço cerca de R$ 50 milhões entre 2011 e 2013. O esquema está citado na proposta de delação negociada pela Mendes Júnior e a Procuradoria-Geral da República, com foco em obras da Petrobras e do governo do Rio de Janeiro.