Uma reviravolta no mundo
“Se Donald Trump não for destronado pelos caciques republicanos, se ganhar a indicação do Partido Republicano e tiver como adversário, entre os democratas, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, ele será o próximo presidente dos Estados Unidos e isso representará uma reviravolta no mundo, tanto sob o ponto de vista político, como econômico. Não creio em adivinhações, muito menos em pitonisas, mas me arvoro a compreender o comportamento do eleitor americano. Em novembro, o leitor pode me cobrar a previsão”.
A nota acima foi publicada nesta coluna em março de 2016, com o mesmo título. Longe de mim querer assumir o papel de vidente, mas com um pouco de análise da situação econômica e política dos Estados Unidos e de vivência com seu povo era fácil prever o desastre anunciado. O que surpreende é o Partido Republicano não ter feito essa previsão e surpreende ainda mais o Partido Democrata colocar uma candidata sem graça e sem “appeal”, que representava “mais do mesmo” para concorrer com um candidato determinado e voluntarioso, que dizia o que americano médio queria ouvir e se posicionava como arauto do novo. Mas agora “a Inês é morta” e, efetivamente, haverá uma reviravolta no mundo. Não tanto sob o aspecto econômico, afinal, os republicanos são tradicionalmente pouco protecionistas e vão conter as bravatas de Trump. Vão, como sempre, reduzir impostos e gastos sociais, o que é ruim para a população, mas dinamiza a economia. O grave mesmo será a postura política e os efeitos imprevisíveis das ideias de Trump, especialmente nas ações para conter o aquecimento global, em relação aos conflitos internacionais, principalmente no Oriente Médio e na Ásia, e na questão da imigração.
No âmbito dos conflitos internacionais é sabido que o terror gera o terror, e Trump é o resultado dessa máxima que sempre termina com mais terror. Resta, então, esperar que o sistema político e a máquina pública americana, bem como a entourage que cerca e limita os presidentes, possam conter os arroubos desse hipopótamo alucinado que foi colocado numa sala cheia de cristais.