Chegou a hora de celebrar
O Dia da Consciência Negra em Salvador será marcado hoje com uma grande festa de celebração da diversidade e da beleza negra, na Praça da Cruz Caída, no Centro Histórico. Em seu segundo ano, o desfile do Afro Fashion Day (AFD), evento aberto ao público realizado pelo CORREIO, pauta a cultura urbana com o tema O Grito das Ruas.
O dia de ontem foi de preparativos para o show da passarela de logo mais, quando 74 modelos e convidados, entre eles Margareth Menezes e Márcio Victor, desfilarão roupas e acessórios de 45 marcas baianas. A cantora Larissa Luz será a mestre de cerimônias.
“A instalação dialoga de maneira orgânica com a estrutura existente e a beleza natural. É um trabalho simbiótico com o que já existe no local, mas reforçando o conceito do evento”, destaca o arquiteto Giuseppe Mazzoni Filho, que assina novamente o projeto arquitetônico do AFD.
Se de um lado, o momento era de ajustes finais de estrutura, luz e comunicação visual para a produção, de outro era de ansiedade para os modelos de oito agências da capital que participaram do ensaio final no cair da tarde.
“Ano passado foi maravilhoso, a primeira vez que minha família me assistiu na passarela, porque eu sempre fazia eventos fechados e eles não tinham visto ainda. Com certeza vem todo mundo de novo”, contou a moradora de Cajazeiras, Luana Ferreira, 19 anos, uma das modelos do AFD.
Depois de assistir à primeira edição do evento, Lourani Maria Santos, 29, vai debutar na passarela do AFD como modelo plus size convidada. “Não imaginava que um ano depois eu poderia estar do outro lado. Me envolvi muito com a causa e participar do maior evento de moda da Bahia é uma forma de reconhecimento do meu trabalho. Meu objetivo é representar na passarela todas aquelas meninas gordas que acham que não podem ser modelos, desfilar, brilhar”.
Isabel Oliveira, 23, será outra estreante no show da moda. “É importantíssimo ter um desfile desse porte que apresente o negro longe do caricato homem de calça branca e mulher de turbante. Por isso recusei muito trabalho aqui em Salvador”, disse a modelo baiana radicada na capital paulista.
CASA DE SABER
A programação do AFD começou pela manhã no Senac Casa Afro Fashion, como foi batizada a sede da instituição na Rua Chile. Nos dois turnos, aconteceram workshops e bate-papos sobre temas que relacionam beleza e empoderamento da mulher negra. Cerca de 120 pessoas participaram de atividades, como a oficina de Estilização de Cabelo Afro e a de Unhas Decoradas com Motivos Étnicos.
A aula de automaquiagem serviu para a professora Tailane Lima Oliveira, 21, se aproximar de um universo que vê como distante. “Estou tirando as dúvidas e deixando de estar só com a informação do YouTube. É muito importante essa interação”, avaliou.
“Temos direito à memória, as nossas narrativas, a sair das estatísticas em que comumente encontramos a mulher negra, a que apanha, a que não estuda, a que tem filhos cedo. Temos que promover novas narrativas para essas mulheres que estão para nascer”, defendeu a designer e empreendedora Luma Nascimento, que dividiu a mesa sobre Empoderamento da Mulher Negra com a estilista e pesquisadora Carol Barreto e Olívia Santana, secretária de Políticas para as Mulheres do Estado da Bahia.
À tarde, a estilista Madalena Silva, da marca Negrif, e a coordenadora de Moda do Senac, Phaedra Brasil, bateram um papo com o público sobre empreendedorismo.
DOMINGO NA PRAÇA
Hoje, antes mesmo do desfile às 17h30, já tem programação rolando na Cruz Caída. A partir das 15h, o local recebe o lounge do Shopping da Bahia e o estande Faculdade da Cidade, além do Espaço Kids. As crianças vão se divertir com artes circenses (malabares, monociclo, perna de pau), pintura de rosto e dança de rua.
O Afro Fashion Day tem patrocínio do Shopping da Bahia, HapVida e Faculdade da Cidade, apoio do Senac e Eudora e apoio institucional da prefeitura de Salvador.