Burocracia e ineficiência em portos custaram R$ 820 milhões ao Brasil
ESTUDO DA ONU Em apenas dois anos, a economia brasileira perdeu pelo menos R$ 830 milhões só com a burocracia e os gargalos logísticos nos portos nacionais. A estimativa foi publicada pela ONU que, em seu informe anual sobre o transporte marítimo, alerta que a demora para carregar ou descarregar mercadorias nos portos brasileiros continua sendo uma das maiores do mundo. Em 2014, o custo por conta da falta de eficiência foi de US$ 188 milhões. Em 2015, as operações teriam sido incrementadas. Mas, ainda assim, as perdas foram avaliadas em US$ 73 milhões. De acordo com a ONU, os custos da demora são estimativas que incluem perdas para os donos dos navios e os custos mais elevados para quem alugou o navio e é obrigado a pagar por mais dias.
O estudo mostra ainda que nas principais rotas comerciais nos mares do planeta há mais espaço nos navios de cargas que produtos para ser transportados. A expansão de exportações, que foi a tônica do comércio por décadas, está estagnada. E, pior: o discurso político que ganha força é justamente o do protecionismo.
Dados da ONU, OMC e de entidades especializadas no comércio internacional apontam que 2016 registra a pior expansão das exportações em um ano de crescimento econômico em décadas. Já o cenário futuro, com um mundo tentando descobrir qual será a política comercial de Donald Trump, é dos mais incertos.
Segundo dados coletados pela ONU em Genebra, o crescimento no volume de produtos transportados pelos oceanos foi, no ano passado, o mais baixo desde 2009, o ano do colapso da economia mundial. Desta vez, porém, não houve uma retração do PIB mundial, mas, mesmo assim, o comércio não sofreu a expansão tradicional. O aumento entre 2014 e 2015 foi de apenas 2,1%. Ainda que o volume total tenha ultrapassado, pela primeira vez, a marca de 10 bilhões de toneladas, analistas alertam que o “futuro aponta para incertezas”. A ONU também admite que os sinais indicam um “freio” no processo de globalização comercial, especialmente diante da recessão em algumas economias e da retórica protecionista cada vez mais presente. “O crescimento baixo do setor de transporte marítimo reflete os problemas no comércio global”, alertou o informe da ONU, coincidindo com números divulgados internacionalmente.