Salão Valdir Cabeleireiro reabre após uma semana
VASCO DA GAMA Depois de uma semana fechado, o salão de beleza Valdir Cabeleireiro, na Avenida Vasco da Gama, foi reaberto ontem. Valdir Macário, 45 anos, foi morto com oito tiros dentro do próprio salão, no dia 12 deste mês. Em homenagem ao patrão e amigo, funcionários usaram camisas com a foto de Valdir. Com o salão movimentado pelas clientes, o sentimento era de vazio, mas também de união. “O que nos fortalece é a nossa identidade ancestral, a nossa religião de matriz africana. Valdir não morreu. Seu corpo se desmaterializou, mas seu espírito ainda está aqui”, contou o coordenador do salão e amigo de Valdir, Carlos Lomanto. “Morreu seu soldado, mas o exército continua”. Uma das irmãs do cabeleireiro, Ide Macário, 38, disse que o grande número de clientes surpreendeu. “Muitos vieram aqui nos trazer energia e força para passar por isso. Superar a gente não supera, mas com o tempo vamos melhorando.” Uma dessas clientes foi Lucineia de Souza, 38. Para ela, Valdir era também um amigo e psicólogo. “Quando cheguei aqui, há cinco anos, eu não tinha cabelo nenhum. Caía muito. Ele olhou pra mim e disse que tinha jeito”, lembrou ela, enquanto balançava os cabelos, mostrando o resultado. Para os funcionários, retornar ao trabalho foi tarefa difícil. Para a cabeleireira Suyara Barreto, 28, a espiritualidade é o que ajuda a superar. “Deus está acima de tudo, e depois os orixás. Olho para a porta, para a cadeira e ele não está em nenhum lugar. Era o nosso porto seguro e, para mim, um segundo pai”, contou ela.