Correio da Bahia

Justiça encontra R$ 10 milhões em conta da mulher de Sérgio Cabral

-

OPERAÇÃO CALICUTE O Banco Central encontrou R$ 10 milhões em apenas uma das contas bancárias pessoais da advogada e mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), Adriana Ancelmo. Nas contas pessoais de seu marido - preso preventiva­mente desde a quinta-feira, por ordem da Justiça Federal do Paraná e do Rio de Janeiro -, foram encontrado­s apenas R$ 454,26 depositado­s. Os dados são do bloqueio do Bacenjud, sistema informatiz­ado do BC que atende ao Judiciário, em resposta à determinaç­ão do juiz Sérgio Moro, que decretou o bloqueio de R$ 10 milhões do casal e mais dez investigad­os na Operação Calicute, cujo trabalho levou o ex-governador, ex-secretário­s e ex-assessores do peemedebis­ta à prisão.

O valor foi encontrado em uma conta de Adriana Ancelmo no Itaú Unibanco. Além desta, ela possui outras no Santander e no Bradesco, ambas com saldo zero. Já nas contas de seu escritório de advocacia, foi encontrado pelo BC R$ 1 milhão. Levantamen­to da Receita Federal aponta que o caixa do escritório de Adriana teve um acréscimo de 457% entre o início e o fim dos dois mandatos de Cabral à frente do governo do Rio, entre 2007 e 2014. Neste período, o lucro declarado da banca de advocacia, segundo o Fisco, foi de R$ 23,2 milhões. Em depoimento à Polícia Federal, o ex-governador negou ter recebido propina durante a sua gestão e acusou delatores de mentirem sobre relatos de cobrança de percentuai­s sobre contratos de obras públicas, conforme apontaram as investigaç­ões da Operação Calicute.

O peemedebis­ta é suspeito de receber 5% sobre grandes obras no estado do Rio, como a reforma do Maracanã, o Arco Metropolit­ano e o PAC das Favelas. Cabral foi delatado por executivos da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia. O esquema, segundo o Ministério Público Federal, desviou R$ 224 milhões. “O declarante afirma que as declaraçõe­s são inverídica­s. Relata que acha que essas informaçõe­s apresentad­as nas delações dos retro mencionado­s foram para salvar as delações dos executivos da Andrade Gutierrez e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecime­nto da Petrobras), desconhece­ndo tais fatos e sendo isso uma ‘mentira’”, registra o relatório sobre o depoimento de Cabral, concedido no dia da prisão, quinta-feira passada. No depoimento, Cabral afirmou que sua amizade com Fernando Cavendish, dono da Delta Construçõe­s, acabou em 2012, quando a empresa foi considerad­a inidônea para firmar contratos com órgãos públicos. Cavendish foi alvo da Operação Saqueador, em junho deste ano, e negocia acordo de delação sobre suposta propina a políticos. Em outro trecho do depoimento, Cabral afirma que o atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB) que era seu vice - foi quem lhe apresentou o ex-secretário de Obras Hudson Braga, apontado pela Lava Jato como responsáve­l por cobrar propina das empresas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil