Em delação, Alberto Youssef diz que Planalto decidia sobre propina
TESTEMUNHA O doleiro Alberto Youssef afirmou ao juiz federal Sérgio Moro, em audiência do processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sexta-feira (25), que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa dizia aos membros do PP que buscassem o Planalto para resolverem sobre repasses de propinas, do esquema investigado pela Operação Lava Jato. “O Paulo Roberto, por iniciativa dele, junto com o Fernando Soares, procurou alguns membro do PMDB e acabou se aliando, fez essa composição. Mas o Partido Progressista nunca gostou disso, sempre foi motivo de discussão no Palácio do Planalto para que isso não acontecesse”, afirmou Youssef, um dos primeiros delatores da Lava Jato, junto com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Costa e Youssef eram ligados ao PP, no início do esquema de corrupção na Petrobras, a partir de 2004. Em 2006, o ex-diretor ficou doente e quase perdeu o cargo para um subalterno que buscou apoio do PMDB. “Foi feito um trabalho para que ele (Costa) perdesse a cadeira dele, em 2006. O PP (que havia indicado o diretor, em 2004) bateu firme o pé e conseguiu manter o Paulo Roberto na diretoria. Mas ficou aquele ranço do PMDB com o PP”, contou o doleiro, arrolado como testemunha de acusação no processo contra Lula. O ex-presidente é acusado de receber R$ 3,7 milhões em propinas da OAS, em forma de benesses da ampliação e equipamentos do apartamento triplex do Guarujá (SP). Foi em 2006 que Paulo Roberto Costa teria buscado o apoio do PMDB, via o lobista do partido Fernando Baiano. No acerto com o partido, eles passariam a ter direito a uma cota da propina arrecadada nos contratos da Diretoria de Abastecimento, que antes eram destinadas integralmente ao PP. A defesa de Lula tentou invalidar o depoimento de Youssef, alegando que ele é suspeito, por ser um delator, em busca de manter seus benefícios. Moro negou o pedido e ouviu o doleiro. “Emerge um quadro bastante distinto da acusação inicial do Ministério Público Federal, após a realização das audiências na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba nesta semana (21/11 a 25/11), no âmbito da ação penal que atribui ao ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva a obtenção de vantagens indevidas”, diz nota da defesa de Lula.