Reserva para o futuro
Criopreservação ou banco de sêmen. Essa é a alternativa para os homens que querem ter filhos, mesmo após tratamentos mais agressivos contra doenças como o câncer ou até mesmo daqueles que foram vasectomizados e voltaram atrás na decisão de serem pais.
Sergundo a doutora em biotecnologia pela Fiocruz, a farmacêutica e diretora da Clínica do Homem Daniele Brustolim, o procedimento consiste em congelar o esperma no nitrogênio a uma temperatura inferior a -180°C.
“O procedimento precisa garantir que as células estarão vivas depois do descongelamento”, esclarece a especialista, ressaltando que o processo não depende de energia elétrica ou qualquer outro agente externo e que a criopreservação pode manter os espermatozoides preservados por décadas.
“No entanto, é importante ressaltar que a taxa de viabilidade vai caindo com o passar dos anos”, completa, ressaltando que o caso mais longínquo de criopreservação manteve espermatozoides viáveis 20 anos depois do congelamento.
Especialista em reprodução humana, o ginecologista do Cenafert Joaquim Lopes esclarece que isso acontece porque o espermatozoide é uma célula muito especial e resistente, cerca de 180 vezes menor que um óvulo.
“O banco de sêmen é uma opção muito viável, inclusive para aqueles homens que não estão muito convictos da vasectomia, pois depois de 10 anos o procedimento não poderá ser revertido e a alternativa será a fertilização in vitro, que é muito mais custosa”.
Para ilustrar, ele lembra que cada tentativa da fertilização in vitro tem custo aproximado de R$ 14 mil e mais o investimento das medicações enquanto o congelamento tem um custo médio que varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil e uma anuidade simbólica.
“No dia a dia da clínica, é comum encontrar homens que fizeram a vasectomia em algum momento, mas depois refazem suas vidas e se arrependem da decisão da esterilização. Então o banco de sêmen termina sendo uma alternativa viável e possível para eles”, completa o médico.
Homens perdem a oportunidade por desconhecer o congelamento
PRECAUÇÃO
A oncologista Clarissa Mathias do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) explica que antes de iniciar um tratamento contra o câncer, sempre alerta aos homens sobre a possibilidade de guardar o sêmen.
“A prudência é necessária, especialmente naqueles homens que não estão com a prole completa, porque a quimioterapia pode matar as células reprodutoras de forma temporária ou permanente e, com a radioterapia, sobretudo quando há radiação dos testículos, é quase impossível recuperar a fertilidade”, explica.
A médica lembra que cânceres nos testículos, os linfomas, a leucemia e o câncer de timo vão exigir essas formas mais agressivas de tratamento, exigindo o cuidado do paciente.