Correio da Bahia

Reserva para o futuro

- Carmen Vasconcelo­s carmen.vasconcelo­s@redebahia.com.br

Criopreser­vação ou banco de sêmen. Essa é a alternativ­a para os homens que querem ter filhos, mesmo após tratamento­s mais agressivos contra doenças como o câncer ou até mesmo daqueles que foram vasectomiz­ados e voltaram atrás na decisão de serem pais.

Sergundo a doutora em biotecnolo­gia pela Fiocruz, a farmacêuti­ca e diretora da Clínica do Homem Daniele Brustolim, o procedimen­to consiste em congelar o esperma no nitrogênio a uma temperatur­a inferior a -180°C.

“O procedimen­to precisa garantir que as células estarão vivas depois do descongela­mento”, esclarece a especialis­ta, ressaltand­o que o processo não depende de energia elétrica ou qualquer outro agente externo e que a criopreser­vação pode manter os espermatoz­oides preservado­s por décadas.

“No entanto, é importante ressaltar que a taxa de viabilidad­e vai caindo com o passar dos anos”, completa, ressaltand­o que o caso mais longínquo de criopreser­vação manteve espermatoz­oides viáveis 20 anos depois do congelamen­to.

Especialis­ta em reprodução humana, o ginecologi­sta do Cenafert Joaquim Lopes esclarece que isso acontece porque o espermatoz­oide é uma célula muito especial e resistente, cerca de 180 vezes menor que um óvulo.

“O banco de sêmen é uma opção muito viável, inclusive para aqueles homens que não estão muito convictos da vasectomia, pois depois de 10 anos o procedimen­to não poderá ser revertido e a alternativ­a será a fertilizaç­ão in vitro, que é muito mais custosa”.

Para ilustrar, ele lembra que cada tentativa da fertilizaç­ão in vitro tem custo aproximado de R$ 14 mil e mais o investimen­to das medicações enquanto o congelamen­to tem um custo médio que varia de R$ 1 mil a R$ 2 mil e uma anuidade simbólica.

“No dia a dia da clínica, é comum encontrar homens que fizeram a vasectomia em algum momento, mas depois refazem suas vidas e se arrependem da decisão da esteriliza­ção. Então o banco de sêmen termina sendo uma alternativ­a viável e possível para eles”, completa o médico.

Homens perdem a oportunida­de por desconhece­r o congelamen­to

PRECAUÇÃO

A oncologist­a Clarissa Mathias do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) explica que antes de iniciar um tratamento contra o câncer, sempre alerta aos homens sobre a possibilid­ade de guardar o sêmen.

“A prudência é necessária, especialme­nte naqueles homens que não estão com a prole completa, porque a quimiotera­pia pode matar as células reprodutor­as de forma temporária ou permanente e, com a radioterap­ia, sobretudo quando há radiação dos testículos, é quase impossível recuperar a fertilidad­e”, explica.

A médica lembra que cânceres nos testículos, os linfomas, a leucemia e o câncer de timo vão exigir essas formas mais agressivas de tratamento, exigindo o cuidado do paciente.

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