Correio da Bahia

S.O.S: residência­s de luxo em área de preservaçã­o

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Dentro da localidade de Arembepe, a uns 300 m da praia, em uma região chamada Sangradour­o, a invasão tem o mesmo perfil. Com a diferença que, nesse caso, já há casas construída­s no local, bem próximo da Aldeia Hippie. Alguns dos imóveis, como o da foto abaixo, são belos casarões. Todos construído­s dentro da APA do Rio Capivara. “Tem casas até com piscina”, narram os nativos.

A produção de imóveis em plena área protegida não para. Operários trabalham na construção de outras tantas casas. No caso do Sangradour­o, que tem esse nome justamente porque estaria localizado perto da nascente, onde o rio “sangra”, invadiram não só uma APA, mas também uma Área de Preservaçã­o Permanente (APP). Dois anos atrás, após aterrar parte da lagoa que recebe água do Rio Capivara, os invasores começaram a construir.

“A maioria deles aterrou área de lagoa. Eles entram, tomam conta e vendem por qualquer valor”, disse um ambientali­sta da região, que prefere não se identifica­r. As invasões motivaram uma campanha dos nativos da região. O S.O.S Arembepe tem se espalhado pelas redes sociais. Assim como na área tomada à beira da pista, a população nos arredores do Sangradour­o está com medo.

Isso porque, dizem eles, o local é dominado por policiais e por traficante­s.

“Eu não entro aí de jeito nenhum. A lagoa era nosso lazer. Agora a gente vê ela sendo tomada pela criminalid­ade”, disse um dos moradores responsáve­is pelo S.O.S Arembepe. “Os caras se aproveitam da condição de serem policiais para tocar o terror. Aí também tem bandido, traficante, é tudo misturado”, denuncia outro.

Mesmo desaconsel­hada a entrar na área, a reportagem do CORREIO flagrou, além da construção de imóveis e do loteamento de terrenos, ruas sendo abertas no meio do mato, postes improvisad­os com gatos de luz e diversas áreas de queimadas. “Os caras estão puxando gato de água e luz na cara dura. Liguei para Coelba e Embasa, mas ninguém tem coragem de fazer nada”, revolta-se um ambientali­sta da região.

“A gente está vendo Arembepe cair na mão desses caras. Uma área dessa sendo devastada”, disse uma nativa, que também preferiu não se identifica­r. Mas, após uma ação do Ministério Público, Sangradour­o pode se livrar das invasões. “Arembepe está apavorada. Ali é foco de criminalid­ade. Mas a Justiça, após nossa ação, está prestes a decidir pela retirada. Está prestes a sair a sentença”, garante Pitta. O processo de retirada das casas de Sangradour­o corre na 1ª Vara da Fazenda Pública. Procurado, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) informou que uma audiência sobre o caso vai acontecer ainda este mês.

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