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No primeiro domingo sem Fidel Castro, Havana silenciou, parecendo respirar fundo para a intensa semana de homenagens ao líder que governou Cuba por 49 anos e implantou o regime comunista ainda vigente. Até mesmo as Damas de Blanco, conhecido grupo dissidente formado por mulheres de presos políticos, cancelou sua marcha semanal pela primeira vez em 13 anos. Mas o freio não era apenas espontâneo. Durante o luto de nove dias, o governo proibiu a venda de bebida alcóolica e de eventos públicos. Até os restaurantes precisam fechar mais cedo.
Na homenagem mais importante no fim de semana, centenas de estudantes da Universidade de Havana fizeram uma vigília ao longo do fim de semana. Na manhã deste domingo, ocuparam a escadaria principal em silêncio absoluto. O local foi palco de um dos últimos discursos de Fidel, em 2010. Seu retrato rodeado por velas foi posto exatamente onde falou por horas, como de costume.
Por determinação do governo, os meios de comunicação estatais terão a programação tomada por homenagens durante os dias oficiais de luto. Em alguns pontos de Havana, funcionários preparavam a cidade para o cortejo fúnebre, como pintura de meio-fio. No órgão estatal para a imprensa, uma grande fila de correspondentes internacionais se formou para buscar credenciamento.
Mesmo com Fidel afastado formalmente do poder desde 2008 e aos 90 anos, muitos cubanos se surpreenderam com a anúncio da sua morte, na madrugada de sexta-feira para sábado. Para eles, era como se o líder da Revolução de 1959 estivesse congelado na sua aparência frágil, esporadicamente exposta em fotos ao lado de visitantes ilustres. A última, no dia 15, foi com o líder máximo vietnamita, Tran Dai Quang.
A primeira das homenagens previstas vai acontecer na manhã de hoje, na icônica praça da Revolução, onde as cinzas de Fidel ficarão expostas por dois dias para o público em geral - seu corpo foi cremado no sábado, em cerimônia privada. Na quarta, começa uma grande caravana de Havana até Santiago de Cuba, onde ocorre o sepultamento no próximo domingo.
COMEMORAÇÃO
Enquanto o impacto da morte de Fidel é uma incógnita, exilados cubanos em Miami comemoraram a morte do lider político, cantando e dançando, mais uma vez na manhã de ontem. Parecia até Carnaval em Little Havana, reduto da oposição cubana, onde to-