Ação entre vândalos
Quem esperava ontem assistir a mais uma manifestação pacífica contra propostas do governo Michel Temer e do Congresso Nacional, em Brasília, se deparou com cenas de violência e quebra-quebra, protagonizadas por vândalos travestidos de militantes de movimentos sociais e de partidos esquerda. No auge do protesto, segundo a Polícia Militar (PM), 20 mil pessoas se reuniram em frente à Esplanada dos Ministérios, mas o ato foi relegado a segundo plano.
Inicialmente, os manifestantes se juntaram contra Temer, a votação da PEC do Teto dos Gastos e do pacote anticorrupção. Contudo, o que se viu foram carros incendiados, placas e portas de estabelecimentos destruídas, banheiros químicos usados como barreira e confrontos físicos entre PMs e vândalos, muitos deles escondidos sob máscaras.
Para conter o grupo que se aproximava do Congresso, a polícia usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e cassetetes. O Museu da República foi pichado e ministérios, invadidos. Até a conclusão desta edição, a área ainda estava interditada por caminhões de bombeiros e viaturas policiais.
O principal mote do protesto - batizado como “Mar de Gente” e liderado por estudantes, CUT, MST, professores e indígenas - era a PEC. No momento da manifestação, repleta de cartazes com as inscrições “Fora, Temer” e “Diretas Já”, o Senado discutia a matéria em plenário.
O grupo também reivindicava a revogação da medida provisória (MP) que reformula o ensino médio e bradava contra a anistia ao caixa 2, discutida pela Câmara no âmbito das dez medidas contra a corrupção.
Foi então que a violência tomou conta de Brasília. A invasão do espelho d’água do Congresso foi o ponto de partida para a ação da polícia, que, segundo manifestantes, continuou disparando bombas, mesmo após a dispersão do grupo. Dezenas de pessoas passaram mal e foram socorridas pelo Samu.
Os manifestantes viraram carros em frente ao Congresso - um deles da TV Record -, quebraram vidros, danificaram latarias e atearam fogo em outro. “A intolerância não é forma de expressão democrática e não pode ser instrumento para pressionar o Congresso”, criticou Temer.