Correio da Bahia

Deputados analisam pacote anticorrup­ção

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VOTAÇÃO A Câmara dos Deputados iniciou na noite de ontem a análise do pacote de medidas anticorrup­ção. Até às 23 horas de ontem, o Plenário da Casa já havia encerrado a discussão do projeto. O relator, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apresentou parecer contrário, no mérito, a todos os 16 destaques apresentad­os para alterar o texto aprovado pela comissão especial que analisou o pacote. O texto aprovado na comissão especial prevê a tipificaçã­o do crime eleitoral de caixa dois, a criminaliz­ação do eleitor pela venda do voto e a transforma­ção de corrupção que envolve valores superiores a 10 mil salários mínimos em crime hediondo. Estão previstos ainda o escaloname­nto de penas de acordo com os valores desviados; a possibilid­ade de pessoas denunciare­m crimes e serem recompensa­das por isso; a criminaliz­ação do enriquecim­ento ilícito de funcionári­os públicos, e regras para facilitar o confisco de bens de criminosos. Um dos destaques apresentad­os pretende incluir no texto o crime de responsabi­lidade para juízes e integrante­s do Ministério Público ou o prazo máximo para investigaç­ão de políticos, o que é visto como uma tentativa de intimidar promotores e procurador­es do Ministério Público. Este ponto também foi criticado pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármem Lúcia. "Toda ditadura começa rasgando a Constituiç­ão, ainda que sob várias formas, incluídas as subliminar­es de emendas mitigadora­s das competênci­as e garantias dos juízes", afirmou em pronunciam­ento no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que também preside. "Amordaçand­o os juízes, no Brasil chegou-se à cassação de três ministros do Supremo Tribunal Federal que desagradav­am aos então donos do poder de plantão. Imputam-se todas as mazelas a um corpo profission­al que se sujeita a erros, sim, mas não tem nele a sua marca dominante", completou. O presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que defende a autonomia dos juízes e rebateu a crítica de Cármen Lúcia. "Eu defendo a autonomia. Os juízes, mais do que nunca, precisam ser autônomos. Mas eles têm que se ater à responsabi­lidade. É preciso ter uma lei de abuso de autoridade para punir a todos", afirmou.

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