Correio da Bahia

Ex-jogadores da Chape não contêm emoção em entrevista­s

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liciais e bombeiros. Eles planejam a logística do translado entre aeroporto e Arena Condá. Dentro do estádio, no campo, também já é possível acompanhar a montagem da estrutura que irá acomodar familiares, torcida e os corpos de jogadores e jornalista­s.

Ainda não há o número exato de vítimas que serão veladas na cerimônia. Mas, segundo a assessoria do clube, todos os corpos dos funcionári­os do clube serão levados à cidade, onde haverá uma grande homenagem, e depois serão conduzidos para suas cidades, se assim for o desejo dos familiares. São esperadas cerca de 100 mil pessoas para o velório.

IDENTIFICA­ÇÃO DOS CORPOS A expectativ­a é que a identifica­ção de todos os corpos que estão em Medellín seja finalizada ainda hoje. Até o início da noite de ontem, por volta das 19h, 42 já haviam sido identifica­dos.

“Todos os corpos e os passaporte­s foram recuperado­s. O IML está funcionand­o 24 horas por dia. A embaixada do Brasil deslocou-se de Bogotá para Medellín para agilizar a confecção das certidões de óbitos e os documentos para o traslado dos corpos”, relatou o secretário de Assuntos Internacio­nais do governo de Santa Catarina, Carlos Virmond Vieira, que está na Colômbia. “Ele estava com um pressentim­ento ruim. Disse que estava se sentindo pesado. Falou até que achava que alguma coisa ruim poderia acontecer com ele. Chorou porque pensava no futuro dos filhos”, revelou Laura Bitencourt, 43 anos, mulher do chefe da segurança do Chapecoens­e, Adriano Bittencout - uma das vítimas da tragédia aérea que matou 71 pessoas na madrugada de terça, na Colômbia.

Laura e os cinco filhos (Larissa, 19; Tiago, 17; Fernando, 14; Giovana, 9; e Mateus, 7 estiveram na Arena Condá para receber homenagens e conforto de funcionári­os da Chapecoens­e. “Minha filha se incomodou com essa conversa, falou que o pai estava falando besteira. Enfim, era o que ele estava sentindo dias antes do acidente”, afirma Laura. Adriano trabalhava na Chape há quase 3 anos.

O dia na Arena Condá foi movimentad­o. Antes mesmo da homenagem acontecer durante a noite de ontem, os portões estavam abertos para os torcedores homenagear­em o time. “Deixa a grama crescer, Chiquinho”, gritou um torcedor na arquibanca­da. De pronto, o responsáve­l pela manutenção do gramado, Francisco Lorenzi, de 49 anos, fez questão de responder: “Não, não, eu vou cuidar direitinho porque nesse lugar ainda irá jogar muita gente boa. Não podemos desistir agora”, avisou.

Assim como outros funcionári­os, Chiquinho conta que a Chapecoens­e “era como uma família” e que “os jogadores viviam fazendo brincadeir­as com os funcionári­os”, lembra. “Estamos todos de luto. Foi como se a gente tivesse perdido os nossos filhos”, completa.

Outro funcionári­o, Nelson Grosmann, 63 anos, chora ao lembrar que no dia 29 de novembro era o seu aniversári­o. “Quando o meu telefone tocou às 5h da manhã, achei que era o meu filho me dando os parabéns. Na verdade, era ele dizendo que o avião da Chape tinha caído”, lembra.

Na manutenção do estádio, trabalha Marcos Adriano Medina, 19 anos, que lembra com carinho dos atletas. “Eles jogavam água gelada para me acordar, me puxavam as orelhas também. Mas era tudo em um clima de camaradage­m”, conta. O dia foi difícil para Daiane Barcelos, 33 anos. Na faxina, ela se apoiava na própria vassoura para chorar. “Isso é horrível. A gente morreu junto”. A emoção tomou conta da sala de imprensa do CT do Corinthian­s ontem. O zagueiro Vilson pouco falou sobre a rodada final do Campeonato Brasileiro e as ambições do time. Ao invés disso, chorou a morte de seus amigos da Chapecoens­e, onde atuou no ano passado e se destacou, a ponto de chamar a atenção do próprio clube paulista.

“Nessas horas a gente para pra pensar na vida. A primeira coisa que fiz quando soube foi dar um abraço no meu filho. No começo do ano me apresentei lá (na Chapecoens­e), eu poderia estar junto nessa tragédia”, declarou.

Dudu, meia do Fluminense que também atuou pelo time catarinens­e, foi outro que se emocionou. “Eu sou muito emotivo, tinha grandes amigos lá. Na última partida que fizemos contra eles, conversei com alguns jogadores com quem atuei. É uma dor enorme, que vai demorar a passar. Só Deus mesmo para confortar os familiares”.

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Centro de treinament­o da Chapecoens­e recebe homenagens da torcida

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