Correio da Bahia

Calote na faixa 1 do Minha Casa é de 37% dos contratos na Bahia

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HABITAÇÃO A queda na renda e o aumento do desemprego têm pesado na taxa de inadimplên­cia dos beneficiad­os pela faixa 1. O índice de atraso superior a três meses bateu em 28% no mês de setembro. No mesmo mês de 2015, eram 23% com parcelas em aberto há mais de 90 dias, segundo o Ministério das Cidades. É o maior percentual de atraso desde o agravament­o da crise. Na Bahia, o percentual de atraso é de 37%. Para efeito de comparação, o índice de prestações atrasadas na carteira de crédito que inclui as faixas 2 e 3 do programa, para famílias com renda mais elevada, era de cerca de 2,03% no terceiro trimestre deste ano, de acordo com a Caixa. O crédito imobiliári­o da faixa 1 do Minha Casa se destina às famílias que têm renda mensal bruta de até R$ 1,8 mil. Os preços dos imóveis variam de acordo com a localidade e, como até 90% do valor da casa é custeado com recursos públicos, os novos contratant­es pagam prestações mensais a partir de R$ 80. Até o ano passado, esses números eram mais generosos: a prestação mínima paga pelos beneficiár­ios do programa era de R$ 25 ao mês. Além disso, para toda a faixa 1, cerca de 95% do valor do imóvel era subsidiado. No Amapá e em Roraima, os estados com maior percentual de inadimplen­tes em setembro, os atrasos nos pagamentos chegam a 41%. Em seguida estão Pará (40%), Bahia (37%) e Mato Grosso (36%).

Distrito Federal, Alagoas e Rondônia têm os menores índices, com 7%, 11% e 19%, respectiva­mente.

“Mais preocupant­e que o aumento da inadimplên­cia da fatia mais carente do programa é a persistênc­ia dos atrasos em um patamar tão alto, bem acima dos financiame­ntos bancários convencion­ais e das demais faixas do Minha Casa”, diz Lauro Gonzalez, do Centro de Estudos em Microfinan­ças e Inclusão Financeira da FGV. “O programa precisa criar mecanismos de cobrança mais eficientes”, acredita. “Uma alternativ­a seria a adoção de agentes de crédito, de porta em porta, para instruir os mutuários e propor alternativ­as”, sugere.

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