Correio da Bahia

Choro pelos heró

- Donaldson Gomes e agências donaldson.gomes@redebahia.com.br

A chuva que caía na Arena Condá por volta do meio-dia, no horário de Brasília, impossibil­itaria a bola de rolar. E nem precisava. Não havia disputa. O estádio estava lotado para receber os seus campeões. Com emoção e muitas lágrimas, milhares receberam 50 dos 71 mortos na Colômbia, na última terça-feira. O desejo de homenagear os heróis da pequena cidade do interior foi mais forte que a dor e a tristeza, que fizeram até o próprio Deus chorar, como disse o prefeito de Chapecó, para explicar a chuva.

Quando o primeiro caixão foi levado para o campo, a banda da Polícia Militar de Santa Catarina tocava a melodia de A Conquista do Paraíso, do grego Vangelis – música eternizada no filme de mesmo nome em homenagem aos primeiros europeus a chegar ao continente americano. Se para Cristóvan Colombo e companhia o conceito de “conquista” é questionáv­el, os meninos de Chapecó foram recebidos como quem conquistou não apenas a América, mas o mundo.

Desde o início da manhã, com a chegada dos corpos dos atletas e dirigentes do clube vítimas de acidente aéreo na Colômbia, milhares de pessoas foram às ruas e à Arena Condá para prestar a última homenagem.

A despedida teve início no aeroporto da cidade, onde o presidente Michel Temer recebeu os 50 corpos. Depois, o cortejo fúnebre percorreu 9 quilômetro­s pelas ruas da cidade, até o estádio, onde foi realizado o velório coletivo com a presença de familiares, torcedores e autoridade­s. Temer também participou da cerimônia na arena.

Tite, técnico da Seleção Brasileira, cancelou uma viagem que faria à Europa onde iria assistir a cinco jogos, para acompanhar o velório. “Quero poder, na medida do possível, amenizar um pouquinho o sofrimento e encorajá-los”, disse o treinador.

Assim como o presidente da Fifa, Gianni Infantino, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também viajou a Chapecó, acompanhad­o de diretores da entidade. “Vim prestar homenagem a todos os familiares, corpo técnico e jornalista­s. Estamos fazendo o nosso papel. Aquilo que pudermos fazer, estamos fazendo”, afirmou.

Ex-jogadores do clube catarinens­e também foram ao velório, como Vilson (Corinthian­s), Douglas Grolli (Ponte Preta) e Soares (Madureira).

O silêncio só era rompido pelo barulho da chuva, aplausos e choros. Muitos torcedores rezavam, outros choravam. A cada corpo que entrava no campo, todo o estádio aplaudia.

Em outras cidades foram velados os corpos de jornalista­s que também morreram no acidente de terça-feira: 20 profission­ais de imprensa foram vítimas do desastre.

Solidaried­ade foi a palavra mais ouvida nos últimos dias em Chapecó e ontem não foi diferente. Vizinhos do estádio levaram café e biscoitos para torcedores fanáticos que madrugaram na Arena.

As filas para entrar nos dois portões que foram reservados

Arena Condá homenageia os mortos em acidente aéreo

para os torcedores davam voltas no estádio. Psicólogos voluntário­s foram destacados para dar suporte aos familiares dos jogadores e jornalista­s presentes à Arena Condá. Muitas pessoas passaram mal e precisaram de atendiment­o.

Dentro do estádio, torcedores não paravam de gritar e cantar músicas que tanto apoiaram o time durante os jogos na Arena Condá e que viraram homenagens. Quando o mascote da Chapecoens­e en-

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