Ex-primeira-dama do RJ é presa; 13 viram réus
CALICUTE A advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB), foi presa ontem após investigações apontarem sua suposta “posição central” em organização criminosa que seria chefiada pelo marido. No mesmo dia, a ex-primeira-dama, o peemedebista e mais 11 pessoas viraram réus da Operação Calicute. A Calicute é um desdobramento da Lava Jato que apura desvios de pelo menos R$ 224 milhões de contratos de quatro obras, como a reforma do Maracanã. A prisão preventiva de Adriana foi determinada pelo juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, atendendo ao pedido do Ministério Público Federal. A decisão ocorreu 19 dias após Cabral ter sido preso - na ocasião, o magistrado negou o pedido de prisão da advogada por falta de indícios suficientes. Mas, após o aprofundamento das investigações, teria sido revelado que Adriana seria uma das principais responsáveis por ocultar recursos recebidos indevidamente por Cabral. Ela teria utilizado seu escritório de advocacia, Ancelmo Advogados, para isso. O magistrado cita indícios de que Adriana teria envolvimento direto no esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado mais de R$ 6,5 milhões para aquisição de joias de alto valor entre 2007 e 2016. Segundo os procuradores, por meio de contratos fictícios, o escritório de Adriana e consultorias lavavam dinheiro de corrupção obtido pela quadrilha. Ao todo, na denúncia que envolve os 13 investigados, são relacionados 21 fatos criminosos de corrupção passiva, lavagem de ativos e pertencimento a organização criminosa. O juiz determinou também a busca e apreensão de joias. Há indícios de que o casal gastou R$ 1 milhão em joias para comemorar o aniversário de casamento usando dinheiro desviado. Ontem, após a prisão de Adriana, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão negou um pedido de medida liminar apresentado pela defesa do ex-governador para suspender as investigações contra o peemedebista na 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro e na 13ª Vara Federal de Curitiba, respectivamente no âmbito das operações Calicute e Lava Jato.