Correio da Bahia

Governo avisa que está aberto a discussão

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O governo Michel Temer deixou na reforma da Previdênci­a uma “gordura” para negociar no Congresso, mas o cerne da proposta está concentrad­o na fixação da idade mínima de 65 anos para aposentado­ria, a elevação para 25 anos do tempo de contribuiç­ão e nas mudanças nas regras de pensão por morte. Essas mudanças sofrem, no entanto, forte resistênci­a dos movimentos sociais, que ameaçam com grandes protestos contra a medida. Para agilizar a votação, a Câmara já se movimenta para a apresentaç­ão do parecer da proposta na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) nesta quinta-feira.

O secretário de Previdênci­a, Marcelo Caetano, evitou antecipar quais pontos da reforma são inegociáve­is, mas alertou que se o texto for muito alterado será necessária uma nova reforma em curto período de tempo. Ele advertiu que a reforma é imprescind­ível. “A não reforma já ocorreu e aparece hoje em vários estados, de não conseguir pagar (benefícios previdenci­ários)”, disse.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), garantiu em reunião ontem com representa­ntes das centrais sindicais que a proposta será discutida com calma, cumprindo o prazo regimental no limite do possível por se tratar de matéria polêmica e que exige debate aprofundad­o.

Ele prevê a votação da proposta de reforma na próxima semana na CCJ e depois a instalação da comissão especial, que terá prazo de 11 a 40 sessões para concluir a apreciação da PEC.

O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) afirmou que a PEC não será aprovada como foi enviada. “Na negociação, vamos apresentar alternativ­as”, disse.

Para a professora Sonia Fleury, do Programa de Estudos sobre a Esfera Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a reforma está sendo feita de forma “açodada”. “Um dos problemas das propostas de reforma da Previdênci­a é que elas são sempre feitas para resolver crises financeira­s e nunca pensadas com foco no padrão de benefício que a sociedade brasileira quer”, disse.

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