Correio da Bahia

O caminho inverso às vésperas do maior título da carreira

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Aroldo Moreira, 53 anos, é o treinador do sub-20 do Bahia que disputa a final da Copa do Brasil amanhã, às 20h15, contra o São Paulo, em Pituaçu. Curiosamen­te, fez o caminho inverso na função, já que teve a primeira oportunida­de treinando um time profission­al. É na base, no entanto, que o “Bacana” Aroldo, como é chamado entre os colegas de clube, pode confirmar o seu melhor momento na carreira de técnico. Eu estou vivendo um momento muito bacana. Tive grandes momentos na minha carreira, eu sou um abençoado. Mas estar trabalhand­o há três anos e meio no clube, chegar em uma final nacional... E é a segunda vez que eu chego, pois cheguei também com o sub-17, tô chegando agora no sub-20, estive em duas outras oportunida­des entre os quatro melhores do Brasil. Então realmente é um momento bacana e a gente espera, logicament­e depois da final, dizer sim que é o meu melhor momento se nós nos sagrarmos campeões. Seria uma realização profission­al para mim, conquistar o primeiro título nacional pelo sub-20 do Bahia. Seria um ano importante, né? Eu tive muita dificuldad­e no ano passado quando perdi meu irmão. Gabriel Desses jogadores, eu vejo o Rodrigo Becão consolidad­o. Se o Bahia tiver quatro zagueiros e o Becão, certamente estará bem servido. Certa vez, botei ele pra jogar contra o Atlético Goianiense quando muita gente queria que eu botasse para jogar um de 24 anos que não era do clube, e como eu trabalho no clube e com o atleta, entendia que o Rodrigo tinha condições e ele fez um ano fabuloso. Nós temos o Everson, também convocado para seleção brasileira com apenas 19 anos, pode ser o sexto zagueiro do Bahia. Temos Juninho, lateral-esquerdo que num futuro próximo vai jogar no Bahia. Temos dois volantes como Júnior e Luís Fernando, dois grandes jogadores também. Enfim, é mais ou menos por aí. Eu diria que temos três ou quatro jogadores para o ano que vem servir ao time profission­al. Eu já participei na Série A quando fui auxiliar de Charles. Quando você é auxiliar, você acompanha o trabalho e estar perto é muito mais fácil. Na segunda oportunida­de, eu também fui auxiliar de Charles e conhecia os atletas, o que era um facilitado­r (...). Depois assumi mais duas vezes este ano, contra Tupi e Brasil de Pelotas. Era um momento de dificuldad­e, eu não era auxiliar do clube, era treinador do sub-20. Não conhecia direito o elenco e não é só conhecer o elenco, é saber o que estava passando nas entranhas do clube. Quando você é auxiliar direto, você sabe como mudar o time. E teve uma quinta oportunida­de representa­ndo o Bahia que, para mim, foi emblemátic­a, que foi contra a Juazeirens­e pela Copa do Nordeste. Um jogo que atuamos duas vezes no mesmo dia e que foi o décimo triunfo consecutiv­o e quis o destino que nosso jogo fosse mais tarde para que eu fosse o treinador e dirigisse a equipe, só com jogadores sub-20, passando para todo o Brasil. Naquele momento, eu vi que teríamos um ano no sub-20 sensaciona­l. É curioso, pois eu fiz o caminho inverso. Tô com 53 anos, um corpinho de 35, é o que todo mundo fala (risos)... Mas eu sou muito grato a um cara chamado Élcio Nogueira, o Sapatão. Fui atleta dele, campeão da segunda divisão no São Francisco e depois de um certo tempo, ele me levou para ser auxiliar técnico dele. Aí eu me interessei demais, fiz alguns cursos em São Paulo para treinador, psicologia no esporte, buscando sempre me preparar. Quis o destino que eu substituís­se Sapatão no Camaçari e, logo nessa substituiç­ão, fui campeão da Taça Estado colocando o Camaçari na Série C em 1999. Em 2000, fui para a base do Vitória a convite do Newton Motta. E aí eu fui descobrir essa coisa de trabalhar na base, metodologi­a usada. O Vitória foi uma grande escola para mim. Depois tive outra passagem na base, no Real Salvador, onde pude trabalhar com Ananias, que infelizmen­te se foi, um cara que eu tenho carinho e respeito muito grande. Com Guilherme (hoje no Corinthian­s), com Jefferson, que está em Portugal. Melhor do que fazer boas campanhas é contribuir na formação dos atletas e saber que depois que eu cheguei, o Bahia Primeiro que a base tem um cunho também educativo. É muito importante também, além de formar o atleta, deslumbrar o atleta que pode ser de ponta, buscar contribuir na formação do cidadão, do ser humano. Acho que é isso que a gente leva da vida. O futebol é um funil muito grande. Há uma boca imensa, mas são poucos que vão ser jogadores de ponta. Outra coisa que muda também é a linguagem. O fato de trabalhar com jovens, você tem que saber se colocar, falar, educar. Quando trabalha no profission­al já são homens formados e aí a linguagem é outra. Apesar de que a cobrança do treinador é sempre igual. É ilusão quem acha que na base a cobrança é menor. A depender do clube que você esteja, grande como é o Bahia, a cobrança por chegar é bastante grande. Nas competiçõe­s também existe. Eu queria muito que essa diretoria que entrou terminasse bem e entendesse que todos eles foram responsáve­is por colocar o Bahia na primeira divisão. Eu gostaria de agradecer a confiança da diretoria, de todos no meu trabalho. São três anos e meio aqui, sou um cara que transito muito bem no clube, sou muito respeitado aqui e eu desejo que possamos em 2017 ter um ano ainda melhor, mais feliz, mais alegre, que nada de ruim aconteça para ninguém.

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