Correio da Bahia

Acreditar e não desistir

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Somos fabricante­s dos caminhões e ônibus Volkswagen e dos cavalos mecânicos MAN. E os últimos três anos de vendas e produção de nosso setor já podem ser considerad­os como o pior período da história recente do Brasil. Dos volumes considerad­os mínimos à sobrevivên­cia do setor à dura realidade que hoje vivemos, experiment­amos uma queda brusca e alarmante, resultando numa capacidade ociosa da indústria brasileira de veículos comerciais hoje estimada por especialis­tas em cerca de 75%. Esse tombo se deveu principalm­ente à crise generaliza­da de confiança, com o consumidor receoso em assumir compromiss­os num ambiente de risco.

Antever as dificuldad­es e evitar medidas drásticas para viver nesse ambiente de crise requereu uma cuidadosa análise de nossa parte. Ainda em 2014, pela primeira vez no setor automotivo do país, fechamos com o Sindicato dos Metalúrgic­os do Sul Fluminense um acordo para a redução da jornada de trabalho na fábrica de Resende (RJ). Ao mesmo tempo, criamos um programa de eficiência para cortar custos e maximizar os recursos da empresa.

Isso nos permitiu, sem traumas, gradualmen­te reduzir os três turnos de produção para apenas um, com o pessoal excedente aderindo a acordos de flexibilid­ade. Boa parte já foi absorvida por outras indústrias da região, menos afetadas pela queda em vendas. E agora estamos prestes a iniciar o segundo ano de adesão ao Programa de Proteção do Emprego (PPE) do governo federal, mantendo a jornada reduzida. Dessa forma, preservamo­s o know-how produtivo e preservamo­s ao máximo os empregos criados na região.

Feita a lição de casa, e mesmo ainda enfrentand­o o agravament­o do cenário de vendas brasileira­s, tomamos a decisão de iniciar o quinto ciclo consecutiv­o de investimen­tos desde a construção da fábrica de Resende. Enquanto cada um dos quatro primeiros ciclos foi de aproximada­mente R$ 1 bilhão em valores atualizado­s, o quinto será de R$ 1,5 bilhão, cobrindo o período de 2017 a 2021.

Se as vendas ainda não se recuperara­m, por que investir agora? Por que não esperar um pouco mais? Porque os sinais de crença no futuro do Brasil estão cada vez mais fortes. A confiança do consumidor e do investidor está aumentando, e até nosso índice de risco-país está melhor que o das demais economias emergentes. Queremos estar prontos para a retomada do mercado doméstico, que virá, mesmo que não na rapidez que todos nós desejamos. Mas virá! Os frotistas e caminhonei­ros estarão mais exigentes, querendo produtos e soluções digitais que aumentem sua produtivid­ade. E nós atenderemo­s aos seus anseios.

Acreditar e não desistir: este é o caminho que decidimos trilhar. Nós acreditamo­s no Brasil. Que um novo ciclo virtuoso comece, e para todos nós!

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