Correio da Bahia

Previdênci­a: idade mínima de 65 anos é inegociáve­l, diz governo

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REFORMA O Palácio do Planalto negou ontem, em nota à imprensa, as especulaçõ­es de que vá negociar uma idade mínima menor que 65 anos para o acesso à aposentado­ria. Segundo a justificat­iva do governo, este é o ponto central do texto da reforma da Previdênci­a enviado ao Congresso na última segunda-feira. No entanto, o Planalto admitiu que negociar mudanças nas regras de transição para a aposentado­ria (o “pedágio”) e no gatilho que elevaria a idade mínima para 67 anos no final dos anos 2050. Apesar da nota oficial, a possibilid­ade de o governo ser obrigado a negociar a idade mínima já é admitida internamen­te por conta da grande resistênci­a dos trabalhado­res. A preocupaçã­o da equipe do presidente Michel Temer, porém, é a de não transmitir a percepção de flexibiliz­ação da proposta antes mesmo das negociaçõe­s começarem no Congresso. Durante a reunião com as centrais para apresentar a reforma, o governo teve uma amostra da dificuldad­e que terá para aprovar a fixação imediata de uma idade mínima em 65 anos. No entanto, segundo fontes do governo, a proposta foi desenhada com uma “gordura” para negociação. Na Proposta de Emenda à Constituiç­ão (PEC) encaminhad­a aos parlamenta­res, além da idade mínima, o governo previu uma regra de transição para homens acima de 50 anos e mulheres acima de 45 anos, com um pedágio de 50% sobre o tempo de contribuiç­ão que falta para se aposentar. O valor é maior que os 40% discutidos inicialmen­te pela área técnica. A proposta cria ainda um “gatilho” segundo o qual a idade mínima subiria um ano sempre que a média de sobrevida dos brasileiro­s aos 65 anos subisse em igual proporção. Na nota divulgada nesta sexta-feira, o Palácio do Planalto não rebateu reportagen­s que informam que esses são dois pontos considerad­os negociávei­s pelo governo. O próprio ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já disse que o texto enviado ao Congresso é “para início de debate”, sinalizand­o que as negociaçõe­s estão abertas. “Quanto mais amplo o debate, melhor. Por isso estou aqui”, disse Meirelles durante encontro com sindicalis­tas na terça, em São Paulo. No entanto, o secretário da Previdênci­a, Marcelo Caetano, defende a proposta técnica e, durante a elaboração do texto, ameaçou deixar o posto caso a reforma ficasse “fraca”. Ele comparou a reforma a um “castelo de cartas” e disse que cada ponto que for flexibiliz­ado precisará ser compensado, sob o risco de compromete­r o alívio esperado no futuro.

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