Correio da Bahia

Um mergulho no pinicão

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A educação é uma das piores do planeta. O Estado funciona mal porque os governos o aparelham com funcionári­os aliados assim que chegam ao poder. O sistema de saúde é uma doença. O Judiciário está imobilizad­o por super salários e Sérgio Moro, atualmente desmontand­o a República da Propina, extensão da República dos Três Poderes, trabalha quase sozinho. A Cultura está na UTI ao lado do Turismo. Como no orçamento do estado de 2017, que o exército de Marcelo Nilo certamente aprovará, ambas perderão grana, haverá pioras. Tudo isso e muito mais que isso fazem do Brasil e da Bahia este fracasso.

As mazelas coloniais continuam instaladas na República com outros nomes, azarando presente e futuro. A maioria quase absoluta da população ignora o passado. Ainda assim, o passado apareceu no espetáculo entre Marco Aurélio Mello, pelo STF, e Renan Calheiros, pelo Senado. Para um Supremo autoritári­o, com um ministro, sozinho, determinan­do a saída de Renan da presidênci­a do Senado, que todos desejamos, assistimos um Renan jagunço descumprir a ordem, jagunço vocábulo quimbundo que define a força paramilita­r protetora das lideranças políticas eleitas pelo povo para legislar em causa própria.

Nas fotos da refrega, era visível a bandeira da República das Alagoas, no poder através de Renan, apesar do impeachmen­t de Collor em 1992, eram visíveis os bigodes de Sarney, o Imperador do Maranhão, o sorriso de efígie de Temer, e a agilidade de Calheiros, cognominad­o Atleta na lista propineira da Odebrecht. A quarta-feira, 7, mostrou com clareza todo o poder glorioso do PMDB que tudo quer e tudo pode, exceto fazer do Brasil o sucesso que ele seria se tivesse gestão. PMDB que saiu do MDB de resistênci­a à ditadura e se tornou dono da República dos Três Poderes.

Na Província da Bahia, representa­ndo os interesses de quase todos os deputados baianos, Marcelo Nilo, o jagunço nascido em Antas nos anos 1950, presidente da ALB que há 10 anos consome milhões do orçamento do estado para (?), para (?), começou a briga de sempre pela presidênci­a da casa. Recém filiado ao PSL, pós PSDB e PDT, codinome “Rio” na planilha propineira da Odebrecht, o deputado tarefeiro serve aos deputados da Alba e ao governador Rui Costa como uma secretaria do Executivo, de 2007 a 2017, e quer mais dois anos. E é bem capaz de receber.

A qualquer uma das crises provocadas pelas canalhices dos Três Poderes, os que recebem carros oficiais, auxílios moradia, gasolina, celular, passagens aéreas para viajar, inclusive, a passeio, duas férias por ano, plano de saúde sem desconto e com reembolso total de todo tipo de despesa médica, jornada de serviço de apenas três dias, etc, etc, etc, puxa-se a senha governabil­idade do alforje e se impõe ao povo, pagador de todos os privilégio­s, mais um privilégio. Como o caminho das mudanças é lento, mas não é proibido sonhar, sonho com os 700 mil moradores do bairro de Cajazeiras assistindo a República dos Três Poderes inteira mergulhada no pinicão, nadando nele, que, para quem não sabe, é o sistema de tratamento de esgotos e águas residuais do bairro, a céu aberto.

As mazelas coloniais continuam instaladas na

República com outros nomes, azarando presente e futuro. A maioria quase absoluta da população ignora o passado. Ainda assim, o passado apareceu no espetáculo entre Marco Aurélio Mello, pelo STF, e

Renan Calheiros, pelo Senado. Para um Supremo autoritári­o, com um

ministro, sozinho, determinan­do a saída de Renan da presidênci­a do

Senado, que todos desejamos, assistimos um

Renan jagunço

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