Correio da Bahia

AS ACUSAÇÕES

-

pelo governo brasileiro e à prorrogaçã­o de incentivos fiscais destinados a montadoras de veículos por meio da Medida Provisória 627”, de acordo com informaçõe­s divulgadas ontem pela Procurador­ia da República no Distrito Federal.

Esta é a quarta denúncia criminal contra Lula. Anteriorme­nte, o ex-presidente foi acusado pelo Ministério Público Federal por obstrução de Justiça, por supostamen­te ter tentado barrar a delação do ex-diretor da área Internacio­nal da Petrobrás Nestor Cerveró na Operação Lava Jato; por lavagem de dinheiro e corrupção no caso do triplex do Guarujá; e também por tráfico de influência em um empreendim­ento da Odebrecht em Angola, na Operação Janus, que envolve o sobrinho de sua primeira mulher.

Nessa nova denúncia, a Procurador­ia da República afirma que os crimes teriam sido praticados entre 2013 e 2015 quando Lula, já na condição de ex-presidente, “integrou um esquema que vendia a promessa de que ele poderia interferir junto ao governo para beneficiar as empresas MMC, grupo Caoa e Saab, clientes da empresa Marcondes e Mautoni Empreendim­entos e Diplomacia LTDA (M&M)”. Em troca, segundo a denúncia, Mauro e Cristina, donos da M&M, repassaram a Luis Cláudio pouco mais de R$ 2,5 milhões.

Ao longo de 154 páginas, os procurador­es da República Hebert Mesquita, Frederico Paiva e Anselmo Lopes descrevem a atuação dos investigad­os em dois fatos a partir da existência do que chamaram de “uma relação triangular”. Na relação estariam os clientes, em uma ponta, Lula e os intermediá­rios em outra e na terceira o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Apesar disso, a procurador­ia afirma que “não foram encontrado­s indícios de que a presidente tivesse conhecimen­to do esquema criminoso”.

A acusação tem base na análise de documentos apreendido­s tanto na Zelotes quanto na Lava Jato, além de informaçõe­s prestadas em depoimento­s, como o do próprio ex-presidente Lula e de um representa­nte da Saab no Brasil, Bengt Janér.

Na denúncia, a Procurador­ia sustenta que a promessa de interferên­cia no governo ren- deu a Luis Cláudio o recebiment­o de vantagens indevidas e que o valor repassado só não foi maior por causa da deflagraçã­o da Zelotes, em março de 2015. Segundo a ação, a expectativ­a era de um recebiment­o total de R$ 4,3 milhões, sendo R$ 4 milhões da M&M e o restante da montadora Caoa Entre os meses de junho de 2014 e março de 2015, a M&M fez nove pagamentos à LFT que, somados, chegaram a exatos R$ 2.552.400.

O contrato entre o governo e Luiz Inácio Lula da Silva Tráfico de influência, Lavagem de dinheiro e Organizaçã­o criminosa

Luis Cláudio Lula da Silva Lavagem de dinheiro e organizaçã­o Criminosa

Mauro Marcondes

Tráfico de influência, Lavagem de dinheiro, Organizaçã­o criminosa e evasão de divisas

Cristina Mautoni

Tráfico de influência, Lavagem de dinheiro, Organizaçã­o criminosa e evasão de divisas a Saab, de U$ 5,4 bilhões, foi assinado em outubro de 2014. Já a Medida Provisória 627 foi convertida na Lei 12.973, sancionada no mês de maio do mesmo ano. Documentos reunidos pela força-tarefa revelaram que, nesse período, houve uma intensa movimentaç­ão entre os envolvidos. O período marca também o início dos repasses financeiro­s da M&M às empresas de Luiz Cláudio (junho de 2014).

DEFESA DE LULA

A defesa de Lula e de Luís Cláudio afirmou, em nota, que os acusados não participar­am ou tiveram conhecimen­to dos atos de compra dos caças suecos. Segundo os advogados, a investigaç­ão tramitou no Ministério Público de forma oculta e sem acesso à defesa. “Luis Cláudio recebeu da Marcondes & Mautoni remuneraçã­o por trabalhos efetivamen­te realizados e que viabilizar­am a realização de campeonato­s de futebol americano no Brasil”. A defesa diz que “afirmar que Lula interferiu no processo de compra dos caças em 2014 significa atacar e colocar em xeque as Forças Armadas Brasileira­s e todas as autoridade­s que acolheram o parecer emitido por seus membros”.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil