24h Líder dos sem-teto é preso em reintegração
SÃO PAULO O coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi detido pela Polícia Militar após reintegração de posse de um terreno particular na Rua André de Almeida, em São Mateus, bairro da Zona Leste de São Paulo, na manhã de ontem. Segundo o MTST, ao menos 700 famílias moravam no local, conhecido como Ocupação Colonial. Além de Boulos, um morador do terreno José Ferreira Lima - também foi levado à delegacia. Ambos assinaram Termo Circunstanciado e foram liberados no fim do dia. A reintegração de posse, que havia sido pedida ainda em 2015 pelo proprietário do terreno, foi marcada pelo conflito entre os sem-teto e os policiais. De um lado, manifestantes atiraram pedras e tijolos - a polícia alega que também houve rojões. Eles aguardaram a chegada da polícia desde a madrugada e montaram uma barricada com pneus e sofás. Já a Tropa de Choque reagiu com o uso de bombas de efeito moral, spray de pimenta e jato d’água. Boulos foi detido sob as acusações de desobediência e incitação à violência. Além dos crimes, a Polícia Civil afirmou que ele e Lima são acusados de “participar de ataques com rojão contra a PM”. O major Rogério Calderari, que esteve à frente da ação, disse que o líder do MTST “usou seu nível sociocultural para ganhar pessoas e incentivá-las a arremessar coisas contra a polícia”. Ainda de acordo com o major, o grupo de policiais foi recebido a pedradas. “Feriram a perna de um dos nossos policiais que estava de escudo balístico. Ele (Boulos) está colocando em risco a vida de pessoas”, disse o major. O líder dos sem-teto rebateu as acusações e disse que a prisão foi “eminentemente política”: “Não há nenhum motivo razoável. Eu fui lá negociar para evitar que houvesse a reintegração”, disse ele. Boulos ressaltou que apenas pediu ao oficial de Justiça que esperasse o julgamento de uma manifestação do Ministério Público Estadual (MPE), que pediu a revisão da reintegração de posse, já que as famílias, que lá moravam desde 2015, não estavam cadastradas na fila de moradia social da prefeitura. O Tribunal de Justiça confirmou que o recurso do MPE para suspender a reintegração de posse foi negado. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) publicou no Twitter uma crítica à prisão. “É inaceitável. Os movimentos sociais devem ter garantidos a liberdade e os direitos sociais.”