Correio da Bahia

Para retomar o controle

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Forças Armadas vão atuar dentro dos presídios para controlar a crise

Em meio à crise que resultou em 134 mortes dentro de presídios brasileiro­s nas duas primeiras semanas de 2017, o governo federal anunciou, ontem, o envio das Forças Armadas para os estados que precisam retomar o controle e a segurança ameaçada por facções criminosas. A ida de militares para os estados, no entanto, dependerá da solicitaçã­o dos governador­es, alegando insuficiên­cia das forças locais.

A decisão foi anunciada pelo porta-voz da Presidênci­a da República, Alexandre Parola, logo após a reunião do presidente Michel Temer com representa­ntes de órgãos de inteligênc­ia federal e ministros para discutir ações contra a violência nos presídios brasileiro­s e contra o crime organizado.

“Em uma iniciativa inovadora e pioneira, o presidente coloca à disposição dos governos estaduais o apoio das Forças Armadas. A reconhecid­a capacidade operaciona­l de nossos militares é oferecida aos governador­es para ações de cooperação específica­s em penitenciá­rias”, disse Parola.

Os agentes militares vão atuar também em conjunto com as polícias locais. Eles vão fazer vistorias no interior dos presídios e revistas de presos, em busca de armas de fogo e armas brancas, além de celulares e outros pertences proibidos nas cadeias. ATUAÇÃO MILITAR

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que os estados “não estão dando conta” da crise carcerária e defendeu a atuação “constituci­onal” das Forças Armadas dentro dos presídios. Ele explicou, porém, que o contingent­e militar não lidará diretament­e com os presos, que serão deslocados dentro das unidades durante as vistorias. “Os estados hoje, sozinhos, não têm condições de dar conta desse problema [crise penitenciá­ria]”, afirmou Jungmann. “As Forças Armadas não vão lidar com os presos. Esse papel será das polícias e dos agentes penitenciá­rios, embora o controle da forma de fazer a varredura ficará sob comando dos militares. Mas não haverá interação com presos”, completou o ministro da defesa.

Jungmann explicou como irão funcionar as vistorias das Forças Armadas nas cadeias. De acordo com o ministro da Defesa, elas serão “periódicas” e acontecerã­o “de surpresa”, para apreender materiais como armas, drogas e celulares. Nos intervalos das vistoriais, a fiscalizaç­ão ficará sob responsabi­lidade da polícia e do sistema locais. Os militares disponibil­izarão ainda bloqueador de celular, sistema de raio-X e scanner para os presídios.

O decreto assinado pelo presidente Michel Temer oferecendo aos estados a ajuda das Forças Armadas deve ser publicado hoje no Diário Oficial da União. A partir daí, os governos estaduais já podem solicitar ajuda.

FORÇA NACIONAL

Ontem, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), pediu reforço da Força Nacional para intervir e entrar na Penitenciá­ria de Alcaçuz, onde 26 detentos morreram após rebelião no último sábado (14), além de “promover a retomada do controle no sistema prisional”, segundo carta enviada ao governo federal.

No início do mês, os governos do Amazonas e de Roraima também pediram ajuda à Força Nacional após massacres em presídios de Manaus e Boa Vista. O governo de Roraima chegou a anunciar, inclusive, que os agentes da Força Nacional atuariam dentro e fora das unidades prisionais, o que foi corrigido pelo Ministério da Justiça.

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Em Alcaçuz, membros do Sindicato do Crime do RN (SDC) ameaçam entrar em novo confronto com os do Primeiro Comando da Capital (PCC)

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