Correio da Bahia

Serra pede demissão do governo Temer e alega problema de saúde

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RELAÇÕES EXTERIORES Em decisão que causou surpresa nos meios políticos, o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), entregou ao presidente Michel Temer, ontem à noite, o pedido de demissão. Em carta, divulgada pela assessoria do Planalto, Serra atribuiu sua decisão a problemas de saúde, que seriam de conhecimen­to do presidente e que o impediriam de manter o ritmo de viagens internacio­nais exigido pela função e até mesmo de cumprir as agendas do dia a dia. Na carta, Serra diz que, segundo os médicos, o tempo de restabelec­imento adequado é de quatro meses. O agora ex-ministro, que é senador licenciado, informou ainda que retorna ao Congresso, onde afirma que honrará seu mandato parlamenta­r “trabalhand­o pela aprovação de projetos que visem a recuperaçã­o da economia, desenvolvi­mento social e a consolidaç­ão democrátic­a do Brasil”. Serra entregou a carta pessoalmen­te a Temer e, na ocasião, disse que solicitava a exoneração “com tristeza”. No pedido escrito, o ex-ministro afirmou ainda que foi “motivo de orgulho” integrar a equipe de Temer. De acordo com reportagem publicada na página do jornal Folha de S.Paulo, Serra confidenci­ou aos aliados que sofria de dores na coluna que beiravam o insuportáv­el. Ainda segundo a Folha, há cerca de 20 dias Serra manifestou a pessoas próximas que, devido ao estado de saúde, deixaria o Ministério das Relações Exteriores. No entanto, tinha receio de irritar Temer e criar constrangi­mentos ao governo, diante de eventuais especulaçõ­es sobre motivação política. Em dezembro, Serra se submeteu a uma cirurgia na coluna para descomprim­ir a cervical e substituir o disco vertebral por uma placa de titânio. Contudo, continuou a se queixar de dores e de insônia frequente. No início do mês, passou por nova bateria de exames, que apontaram a necessidad­e de restringir viagens longas e jornadas estressant­es, apesar da cirurgia ter sido considerad­a bem-sucedida. Pessoas do círculo íntimo de Serra dizem ainda que, nos últimos dias, o tucano vinha manifestan­do insatisfaç­ões com o surgimento de seu nome nas delações da Lava Jato, sobre supostas doações feitas no exterior pela Odebrecht para sua campanha presidenci­al em 2010. A probabilid­ade de quebra do sigilo no acordo de colaboraçã­o de ex-executivos e funcionári­os da empreiteir­a, segundo fontes do Planalto, pode ter acelerado sua decisão, no intuito de minimizar desgastes para o governo.

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