Correio da Bahia

Chefe da operação que matou Jean Charles assume polícia de Londres

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ALTO POSTO A policial que comandou a operação em que o brasileiro Jean Charles de Menezes foi morto por engano por policiais em uma estação do metrô de Londres, Cressida Dick, foi promovida ontem ao mais alto posto de comando da Polícia Metropolit­ana de Londres (também conhecida como Scotland Yard). Ela será a primeira mulher a ocupar o cargo policial mais importante do Reino Unido desde a criação da força, em 1829. O novo cargo dará a ela um salário anual de cerca de R$ 1 milhão, maior, inclusive, que o da primeira-ministra, Theresa May. Cressida Dick, uma experiente oficial antiterror­ismo, 56 anos, vai chefiar uma força de cerca de 43 mil policiais e controlar um orçamento de mais de US$ 3 bilhões.

“Estou empolgada e honrada. Esta é uma grande responsabi­lidade e uma oportunida­de incrível”, disse Cressida, que vinha trabalhand­o para o gabinete de Relações Exteriores do Reino Unido após deixar a força de Londres em 2015. No dia 22 de julho de 2005, Cressida comandou, do centro de operações da Scotland Yard, a perseguiçã­o a um homem identifica­do como um dos suspeitos de uma tentativa de atentado a trens do metrô no dia anterior – o etíope naturaliza­do britânico Osman Hussain, que morava no mesmo conjunto habitacion­al do brasileiro.

Depois de uma ordem da comandante para que o suspeito fosse impedido de entrar no metrô, Jean Charles, 27 anos, foi morto com sete tiros na cabeça por agentes à paisana. No inquérito, Cressida foi inocentada de qualquer responsabi­lidade no caso e a Scotland Yard recebeu apenas uma multa por violações à mesma legislação que regula acidentes de trabalho. Em entrevista à BBC Brasil, a prima de Jean Charles, Patrícia Armani, criticou a promoção de Cressida. Ela contou que a família enviou, no início da semana, uma carta ao prefeito de Londres, Sadiq Khan, pedindo que ele não endossasse a nomeação da policial. “Estamos muitos desapontad­os com a decisão, porque a Cressida Dick foi, no mínimo, incompeten­te no comando da operação em que meu primo morreu. Não há garantia de que outras pessoas não morrerão em erros deste tipo, ainda mais neste momento em que várias cidades europeias estão em alerta por causa de ataques como o da (milícia terrorista) Estado Islâmico”, afirmou Patrícia Armani.

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Cressida foi inocentada no caso

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