Baianidade que resiste ao tempo e seduz
É de se esperar que uma música em que o refrão começa com ‘Eu vou atrás do trio elétrico, vou’ tenha sido composta por um folião fervoroso. No caso de Baianidade Nagô, canção de Evandro Rodrigues, 46 anos, não é bem assim. O hit de 1992, sucesso com a Banda Mel, foi feito por um jovem tímido de 20 anos num quartinho na Vila Naval da Barragem, Paripe. Baianidade Nagô foi eleita pelos leitores do CORREIO como a segunda melhor música do Carnaval de Salvador nos últimos 30 anos.
Segundo Rodrigues, ele nunca foi muito de farra, mas o Carnaval o inspira. “Eu sou aquele folião espectador e preciso me alimentar dessa loucura”, diz. Loucura era também o que o seu pai, Erivan Paula Rodrigues, militar aposentado, achava na época sobre a festa e a ideia do filho de fazer carreira com música. Mas isso não freou o rapaz que estava no terceiro ano de Contabilidade na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), até porque a sua mãe, Maria das Graças, e sua avó, Natália Lessa, o apoiaram desde a compra do primeiro violão.
Certo dia, Evandro voltava da rua e a melodia de Baianidade Nagô surgiu. Ele correu para a casa e gravou a inspiração em uma fita cassete. Depois disso, “elaborei a letra com calma, devagarinho”, lembra. A gravação, que traz no título a ideia da baianidade junto à influência africana, saiu de Paripe diretamente para o escritório da Banda Mel, que na época ficava na Barra. Essa escolha do compositor se deu porque ele considerava a música “a cara da banda”.
Jailton Dantas era o diretor musical da banda e o responsável pela escolha do repertório. “Ele estava saindo quando eu entrei no escritório, mas eu não sabia que era ele quem gravava os discos”, conta. A secretária sugeriu que o compositor voltasse depois, mas ele preferiu deixar a fita no local e depois de uma semana decidiu ligar para saber o que
Hit da Banda Mel foi feito por um jovem tímido do Subúrbio, em 1992