Correio da Bahia

Noite de no Pelô

- Roberto Midlej roberto.midlej@redebahia.com.br

Quem foi ao Pelourinho para ver Gilberto Gil ontem à noite, numa homenagem à Tropicália, ganhou uma deliciosa surpresa: a participaç­ão de Caetano Veloso, outro protagonis­ta do movimento que revolucion­ou a arte brasileira.

Alexandre Leão, Cláudia Cunha e Moreno Veloso, anfitriões da festa, começaram a noite cantando Vestido de Prata, homenagem ao compositor Chico Evangelist­a, morto terça-feira (21).

Em seguida, Moreno chamou o pai, Caetano Veloso. A participaç­ão do tropicalis­ta começou com Chão da Praça, de Moraes Moreira e Fausto Nilo. “Moraes é o pai do axé e do Carnaval moderno da Bahia”, disse Caetano, sobre o compositor que completa 70 anos de idade em julho. Junto com o filho, Caetano cantou ainda Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê. “Essa música é minha e a letra é de Moreno”, lembrou o compositor. Na época do lançamento da canção, Moreno tinha 10 anos de idade.

GIL

Caetano ainda cantou, de improviso, o hino tropicalis­ta Alegria, Alegria. Após deixar o palco, Alexandre Leão brincou com Moreno: “Esse aí você conhece há muito tempo, né? Desde que era criança”.

Capinan, 75, coautor de importante­s canções do Tropicalis­mo, como Panis Et Circenses, também apareceu no palco, ao som de Abolição, dele e Moraes Moreira. “A Tropicália foi um movimento atemporal e libertador”, disse.

Logo que pisou no palco, Gil observou tradições no Pelourinho: “Aqui, vi muitas baianas trajadas a caráter e meninos com fantasias dos velhos cordões de batucadas. Meu coração bateu forte e é bacana que a gente ainda tenha apreço pela tradição”. Em seguida, cantou Soy Loco por Ti, América, dele com Capinan. A participaç­ão de Gil, embora breve, foi emocionant­e: ele ainda cantou, Cores Vivas, Toda Menina Baiana e Domingo no Parque. Blocos afros e minitrios fizeram a alegria dos foliões no Pelourinho, no Circuito Batatinha, ontem. No Terreiro de Jesus, os pais aproveitav­am o clima tranquilo para levar as crianças à festa. O argentino Javier Diaz, que passa o primeiro Carnaval na cidade, estava acompanhad­o da esposa e da filha, de três anos. “Chego por volta das 18h e fico por aqui, para ver os grupos de percussão e ver os clássicos de carnaval. Minha filha estava meio tímida no começo, mas depois se soltou e começou a brincar”. A esposa dele, a baiana Keiko Toniolo, também curtiu a folia: “É importante a criança participar da festa também. Minha filha nasceu na Argentina e quero que ela viva o Carnaval daqui. Mas fomos no Furdunço, na Barra, e foi impossível. Mas hoje, viemos todos: pai, mãe, avô, avó... e foi ótimo”, completou.

O agente de presídio Alex Brito, 43, estava com filhas, sobrinhas e neto, de 3 a 11 anos. “Nos divertimos atrás dos minitrios, comemos pipoca, dançamos muito. Sempre que posso, venho com as crianças. O ambiente é tranquilo, mesmo com o show de Gil. Aqui no Terreiro, estava ótimo. Chegamos às 18h30 e estamos indo agora, por volta das 22h”, disse.

Show em homenagem à Tropicália teve Gil, Caetano e Capinan

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Toda Menina Baiana e Domingo no Parque entraram no repertório

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