Noite de no Pelô
Quem foi ao Pelourinho para ver Gilberto Gil ontem à noite, numa homenagem à Tropicália, ganhou uma deliciosa surpresa: a participação de Caetano Veloso, outro protagonista do movimento que revolucionou a arte brasileira.
Alexandre Leão, Cláudia Cunha e Moreno Veloso, anfitriões da festa, começaram a noite cantando Vestido de Prata, homenagem ao compositor Chico Evangelista, morto terça-feira (21).
Em seguida, Moreno chamou o pai, Caetano Veloso. A participação do tropicalista começou com Chão da Praça, de Moraes Moreira e Fausto Nilo. “Moraes é o pai do axé e do Carnaval moderno da Bahia”, disse Caetano, sobre o compositor que completa 70 anos de idade em julho. Junto com o filho, Caetano cantou ainda Um Canto de Afoxé para o Bloco do Ilê. “Essa música é minha e a letra é de Moreno”, lembrou o compositor. Na época do lançamento da canção, Moreno tinha 10 anos de idade.
GIL
Caetano ainda cantou, de improviso, o hino tropicalista Alegria, Alegria. Após deixar o palco, Alexandre Leão brincou com Moreno: “Esse aí você conhece há muito tempo, né? Desde que era criança”.
Capinan, 75, coautor de importantes canções do Tropicalismo, como Panis Et Circenses, também apareceu no palco, ao som de Abolição, dele e Moraes Moreira. “A Tropicália foi um movimento atemporal e libertador”, disse.
Logo que pisou no palco, Gil observou tradições no Pelourinho: “Aqui, vi muitas baianas trajadas a caráter e meninos com fantasias dos velhos cordões de batucadas. Meu coração bateu forte e é bacana que a gente ainda tenha apreço pela tradição”. Em seguida, cantou Soy Loco por Ti, América, dele com Capinan. A participação de Gil, embora breve, foi emocionante: ele ainda cantou, Cores Vivas, Toda Menina Baiana e Domingo no Parque. Blocos afros e minitrios fizeram a alegria dos foliões no Pelourinho, no Circuito Batatinha, ontem. No Terreiro de Jesus, os pais aproveitavam o clima tranquilo para levar as crianças à festa. O argentino Javier Diaz, que passa o primeiro Carnaval na cidade, estava acompanhado da esposa e da filha, de três anos. “Chego por volta das 18h e fico por aqui, para ver os grupos de percussão e ver os clássicos de carnaval. Minha filha estava meio tímida no começo, mas depois se soltou e começou a brincar”. A esposa dele, a baiana Keiko Toniolo, também curtiu a folia: “É importante a criança participar da festa também. Minha filha nasceu na Argentina e quero que ela viva o Carnaval daqui. Mas fomos no Furdunço, na Barra, e foi impossível. Mas hoje, viemos todos: pai, mãe, avô, avó... e foi ótimo”, completou.
O agente de presídio Alex Brito, 43, estava com filhas, sobrinhas e neto, de 3 a 11 anos. “Nos divertimos atrás dos minitrios, comemos pipoca, dançamos muito. Sempre que posso, venho com as crianças. O ambiente é tranquilo, mesmo com o show de Gil. Aqui no Terreiro, estava ótimo. Chegamos às 18h30 e estamos indo agora, por volta das 22h”, disse.
Show em homenagem à Tropicália teve Gil, Caetano e Capinan