Correio da Bahia

24h Temer se posiciona sobre episódio envolvendo denúncia de caixa dois

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ENVELOPE COM R$ 1 MI Em meio ao fogo cruzado entre dois de seus mais próximos interlocut­ores, o presidente Michel Temer divulgou, ontem, nota pública para se poscionar e negar que tenha cometido qualquer irregulari­dade. Assessor especial da Presidênci­a da República até o final do ano passado e amigo pessoal do presidente Michel Temer há mais de 40 anos, o advogado José Yunes disse que intermedio­u o recebiment­o e a entrega de um “envelope” para o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Yunes disse que resolveu falar sobre o assunto para contestar a versão do engenheiro da Odebrecht, Cláudio Melo, que, em delação premiada, afirmara que Yunes recebeu em seu escritório a quantia de R$ 1 milhão para ser repassado para campanhas peemedebis­tas, via caixa 2. Melo afirmou em delação premiada à Lava Jato que Temer pediu a Marcelo Odebrecht - herdeiro e ex-presidente da empreiteir­a da sua família - R$ 10 milhões, sendo R$ 6 milhões para a campanha de Paulo Skaf para govenador de São Paulo e mais R$ 4 milhões para campanhas de outros estados que seriam distribuíd­os por Padilha. E que, posteriorm­ente, entregou R$ 1 milhão em um envelope a Yunes a pedido de Padilha. Na nota emitida ontem, a Presidênci­a da República afirmou: “Quando presidente do PMDB, Michel Temer pediu auxílio formal e oficial à Construtor­a Norberto Odebrecht. Não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral”. O mesmo texto afirmou, ainda: “A Odebrecht doou R$ 11,3 milhões ao PMDB em 2014. Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral. É essa a única e exclusiva participaç­ão do presidente no episódio”. Yunes confirmou, ontem, em entrevista à Rádio Estadão, que recebeu um pacote do doleiro Lúcio Funaro, a pedido de Padilha, em setembro de 2014, mas alegou que não viu o conteúdo. Na mesma entrevista, Yunes negou que tenha atuado como operador dos recursos de campanha do PMDB. “Nunca operei dinheiro de campanha para o PMDB. Nego peremptori­amente que recebi dinheiro para a campanha do PMDB”, reiterou, ironizando que, se isso fosse verdade, conforme relatos de delatores da Operação Lava Jato, que Padilha teria sido o destinatár­io de R$ 4 milhões em caixa dois para a campanha, “o dinheiro não iria em um envelope, mas num caixa forte”. Yunes disse que conversou, na quinta (23/2), pessoalmen­te com o presidente Michel Temer e falou sobre o depoimento espontâneo que fez à Procurador­ia-Geral da República. Segundo ele, Temer não demonstrou preocupaçã­o com o fato e lhe disse que “o melhor é sempre contar a verdade”.

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