Yunes diz que Padilha não pode ‘se esconder’ e deve explicar dinheiro
LAVA JATO Um dia depois de revelar publicamente ter servido de “mula” para intermediar a entrega de um “pacote” em nome do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o advogado José Yunes afirmou achar que o ministro deve depor em breve aos investigadores da Operação Lava Jato para esclarecer o episódio. Yunes, no entanto, descarta que isso seja motivo para o afastamento de Padilha da Casa Civil.
“Ele tem que ser ouvido. Você não pode ficar se escondendo atrás da notícia porque isso gera muita especulação”, disse, ontem, Yunes, que se colocou à disposição, inclusive, para uma eventual acareação com os envolvidos. No fim do ano passado, Yunes prestou um depoimento à Procuradoria-Geral da República para apresentar sua versão sobre as afirmações do ex-executivo da Odebrecht, Claudio Melo, que, em delação premiada, afirmou ter recebido o endereço do escritório de Yunes como indicação para a entrega de R$ 1 milhão. O valor seria, segundo Melo, parte da propina de R$ 10 milhões a ser repassada da construtora para o PMDB durante a campanha de 2014. O depoimento foi revelado pela revista Veja na noite de quinta-feira (24).
O advogado sustenta que, em setembro de 2014, recebeu uma ligação de Padilha lhe pedindo para intermediar o recebimento de um documento em seu escritório, no bairro de Jardim Europa, em São Paulo. O “pacote”, segundo ele, lhe foi entregue em mãos pelo doleiro Lúcio Funaro, apontado por investigadores da Lava jato como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Yunes afirma desconhecer o conteúdo do “pacote”. Diz que apenas o recebeu e deixou no escritório. “Saí para almoçar e uma terceira pessoa passou lá para buscar a encomenda deixada ali em nome de Funaro”, disse. Yunes disse não saber o motivo do silêncio de Padilha, que não comentou o assunto. “Acho que ele tem que esclarecer porque ele não tratou comigo de dinheiro nem nada. Foi a entrega de um documento e pronto”, disse. Amigo pessoal há mais de 40 anos do presidente Michel Temer, Yunes disse não ter falado com ele nos últimos dias. E, apesar de considerar que o presidente deve estar “muito aborrecido com essa história”, disse não acreditar na demissão do ministro. “Não deveria cair, porque foi um episódio bobo”, disse.