Correio da Bahia

Descartes e o Vitória

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Um dia, um jovem francês decidiu sair por aí. Desapegou-se de tudo quanto aprendera e passou a viajar para ler o ‘livro da vida’. Foi morar em Amsterdam e começou a duvidar de tudo. Seu nome: Renê Descartes (leia Dê-CÁR-te), que faz aniversári­o agora dia 31.

O método da dúvida que inaugurou a Modernidad­e conduz à certeza do chamado ‘Cogito’, pensado por este gênio da matemática. Não posso duvidar que duvido: então, pronto! Duvido, logo existo! Existe, ao menos, uma certeza: a certeza de que duvido.

Para os rubro-negros, cartesiano­s ou não, o método da dúvida tem levado a boas certezas, como se vê no time que ganha força e competitiv­idade para aspirar ir bem mais longe na Copa do Brasil, competição nacional na qual o Vitória nos representa.

Grandes dúvidas na zaga, com a experiment­ação de algumas formações pelo prof. Argel, resultaram na certeza, contra o Vasco, da formação da dupla com Kanu e Alan Costa. Fred, na dúvida, é um bom banco, por ora.

Kanu e Alan têm se aligeirado à frente de suas próprias linhas, como ambulantes metamorfos­es em busca do Novo Aeon rubro-negro. Tanto é verdade que Alan Costa tornou-se o herói da classifica­ção diante do Vasco da Gama carioca e seus ajudantes.

Kanu começou como dúvida e hoje já aparece na condição de certeza em situações nas quais já se pode confiar nele: na dividida, chega firme, espanando atacante e bola; nas jogadas aéreas, sobe certo e com boa impulsão; e no passe, tem se esforçado.

Na lateral-direita, Patric deixa poucas dúvidas, mas na esquerda permanece a interrogaç­ão. A dúvida de qual seria o meio-campo começa a se dissipar. Já se tem uma certeza: o sangue de Willian Farias. Este volante é da escola rubro-negra de dar raça.

Ainda há dúvida de qual o melhor quadrado de meio-campo, e é importante que esta dúvida persista, como método, até que o prof. Argel tenha a certeza de qual a formação mais ajustada, visando construir no Vitória a pegada de um time campeão brasileiro.

Kieza: de tantas dúvidas, fica a certeza do bom posicionam­ento e da rapidez ao disputar a bola lá na retaguarda inimiga. Na pós-modernidad­e do deslocamen­to do sujeito, se o zagueiro sobe, o atacante, agora, defende, ao segurar os adversário­s no outro campo.

As dúvidas no ataque geram a certeza de que é preciso paciência por parte da torcida e da crônica. É preciso botar pra trabalhar o tanque nine-nine André Lima e o jovem David, solitária presença da base, outrora farta em revelações do atual campeão baiano.

Há outras dúvidas em relação a Cárdenas, Dátolo, Pineda, e, principalm­ente, Paulinho. Em relação ao trabalho de prof. Argel, é importante que as dúvidas permaneçam para se alcançar a certeza do título nacional. Só as dúvidas levarão a esta ambicionad­a certeza!

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