Cúpula do Judiciário diverge sobre anulação de delações vazadas
POLÊMICA A indicação do ministro Gilmar Mendes de que divulgação de informações das delações da Odebrecht ainda sob sigilo podem comprometer a validade dos depoimentos não encontra eco em parte dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Ao menos três integrantes da Corte ouvidos reservadamente pelo jornal O Estado de S. Paulo descartam a possibilidade de anular os acordos ou as investigações em razão da divulgação de nomes citados pelos delatores ou trechos das revelações. Para esses ministros, a divulgação pela imprensa de nomes dos possíveis investigados, com base nos depoimentos dos ex-executivos da empreiteira, não prejudica o andamento do caso. “Você acha mesmo que o Supremo anularia essa delação da Odebrecht?”, ironizou um ministro do STF. “Vazamentos não são bons. O melhor antídoto contra eles é não haver sigilo. Mas, naturalmente, vazamentos não geram nulidade. Se não, os próprios acusados começariam a vazar e tudo ficaria resolvido para eles”, disse outro integrante da Corte. Na terça-feira, Gilmar acusou a Procuradoria-Geral da República de promover vazamentos de informações da “nova lista do Janot” - pedidos de abertura de inquérito feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que rebateu as acusações de Gilmar. Coordenador da Lava Jato em Curitiba, o procurador da República Deltan Dallagnol disse que, embora a divulgação de informações sigilosas seja condenável, a sugestão de Gilmar “não tem pé nem cabeça”.