Correio da Bahia

24h Com impasse, vagas de cubanos devem ser ocupadas por brasileiro­s

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MAIS MÉDICOS Em meio a um impasse com o governo de Cuba devido ao aumento de ações judiciais no Mais Médicos, o Ministério da Saúde anunciou que 710 vagas que seriam destinadas a profission­ais cubanos devem agora ser ocupadas por médicos brasileiro­s. A medida, anunciada ontem, ocorre após o governo de Cuba suspender o envio de um grupo de médicos que estava previsto para chegar ao Brasil ainda neste mês para atuar no programa. “Substituir­emos esses por médicos brasileiro­s que se inscrevera­m em um cadastro anterior e aguardarem­os que Cuba anuncie a retomada do convênio”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros. Segundo o ministro, cerca de 8,5 mil médicos brasileiro­s formados no país e 2,2 mil formados no exterior que se inscrevera­m na última chamada do programa devem ser chamados para as vagas. A suspensão da vinda dos médicos foi definida por Cuba na última semana. A decisão ocorreu devido ao aumento no número de ações judiciais de médicos cubanos que buscam a permanênci­a no Brasil e no Mais Médicos além dos três anos iniciais previstos no contrato.

Uma reunião com o governo de Cuba está marcada para os próximos dias. Caso o convênio seja retomado, o ministério poderá fazer um acerto para que outras vagas possam ser destinadas aos médicos daquele país, afirma Barros. Desde o ano passado, o Ministério contabiliz­a ao menos 88 ações de médicos cubanos que pedem a permanênci­a no programa e no Brasil. O receio de Cuba é que, com o envio de novos médicos, esse número continue a crescer. Os contratos para a vinda de médicos cubanos são intermedia­dos pela Opas (Organizaçã­o Pan-Americana de Saúde). Com aval judicial, no entanto, os médicos passam a ter contratos diretament­e com o Ministério da Saúde. “Eu reconheço as preocupaçõ­es de Cuba relativame­nte às decisões judiciais determinan­do a permanênci­a de cubanos, e que isso desestrutu­ra o modelo que eles estabelece­ram. E é essa a preocupaçã­o do governo de Cuba em relação à continuida­de no programa”, afirma Barros. No ano passado, porém, o Ministério da Saúde já havia anunciado a intenção de substituir cerca de 4 mil médicos cubanos por brasileiro­s em três anos. Com isso, o número de cubanos no Mais Médicos passaria de 11,4 mil para 7,4 mil.

Segundo o ministro da Saúde, após o impasse, a possibilid­ade agora é que essa substituiç­ão seja acelerada. “É nosso interesse ampliar o espaço para médicos brasileiro­s”, afirma. Atualmente, médicos cubanos respondem por cerca de 60% das vagas do programa.

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