Correio da Bahia

Falta repertório ao Vitória de Argel

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Minha coluna da semana passada foi publicada na internet sob o título “Vitória mostrou que tem um time melhor do que o Bahia”. Eu não escrevi isso. Eu disse que o primeiro Ba-Vi do ano deixou evidente que o rubro-negro tinha melhores jogadores, e não que o time de Argel era melhor. Enquanto equipes, coletivame­nte, Bahia e Vitória se equivalem na atual temporada, até aqui. Estão nivelados por baixo. A diferença no clássico foi a qualidade individual do Vitória, que é superior. Ter mais jogadores decisivos foi determinan­te. Mas, no aspecto coletivo, o Leão deixou a desejar. E não só no Ba-Vi, apesar de ter saído vencedor.

Os dois jogos imediatame­nte seguintes voltaram a mostrar as fragilidad­es do time de Argel Fucks - a derrota em casa diante do Paraná (0x2), pela Copa do Brasil; e o empate fora, no sufoco, contra o Vitória da Conquista (1x1), na semifinal do Campeonato Baiano. O principal problema é a criação. Falta repertório. Quando encontra uma marcação eficiente, o Vitória trava. Os jogadores pouco se aproximam para trocar passes e, consequent­emente, criar brechas no bloqueio adversário. Por isso, o time apela constantem­ente para a ligação direta da defesa para o ataque e para os cruzamento­s na área. O meio de campo mal participa do jogo.

Contra oponentes fracos, funciona, até porque a tal superiorid­ade técnica se impõe. Pode até dar certo também contra adversário­s do mesmo nível, como contra Bahia e Vasco, os rivais mais fortes no ano até aqui. Mas não vai dar certo sempre, nem contra equipes tecnicamen­te inferiores. Paraná e Vitória da Conquista provaram isso. E o empate contra o Bode veio só no último minuto dos acréscimos, graças a um chuveirinh­o aproveitad­o por André Lima.

Travar diante de equipes bem postadas e que não saem pro jogo é uma tônica das equipes treinadas por Argel. Eficientes no jogo reativo, de contra-ataques, os times de Argel não mantêm o desempenho quando precisam tomar a iniciativa. A nova diretoria do Vitória sabia dessa deficiênci­a de Fucks e, mesmo assim, manteve o treinador. Acreditou que Argel poderia superar as próprias limitações, mostrando, com o tempo, maior diversific­ação. Será que eles ainda acreditam? No segundo tempo contra o Bahia, o Vitória não mostrou capacidade sequer de organizar contra-golpes, a especialid­ade de Argel. Foi quando o rival tinha um homem a menos, foi pra cima no desespero, e o Vitória, em vez de ampliar os 2x0, sofreu um gol e tomou pressão.

Argel já percebeu a inoperânci­a do seu meio de campo, mas não tem mostrado capacidade para mudar isso. Nos últimos jogos ele tem sempre trocado o meia central do seu 4-2-3-1. Cleiton Xavier, o dono da posição, tem dado lugar a Gabriel Xavier e ao garoto Jhemerson. O problema não é a peça. É a engrenagem. Apesar das mudanças, continua faltando aproximaçã­o no momento ofensivo e uma participaç­ão maior dos volantes na criação das jogadas. Os pontas também aparecem pouco para o jogo por dentro. Isso não se resolve apenas substituin­do os jogadores. É preciso organizar o time melhor. O rubro-negro tem sido um time previsível, de pouca mobilidade e fácil de marcar.

Argel precisa mostrar que é capaz não só de diagnostic­ar, mas de resolver o problema. O Vitória depende disso para não derrapar nas retas finais do Baiano e do Nordeste e, principalm­ente, na largada do Brasileirã­o. Argel depende disso para manter o emprego.

O principal problema

é a criação. Falta repertório. O meio de campo mal

participa do jogo

LATERAL

Escalado sempre por, supostamen­te, ser bom defensor, Geferson foi o pior jogador do Ba-Vi. Mal posicionad­o, permitiu as jogadas mais perigosas do Bahia, inclusive o gol. Bom no apoio, de fato, Euller continua péssimo na defesa - vide o drible que tomou no segundo gol do Paraná. Não dá para contar com um lateral que é bom só no apoio e outro que é bom na defesa só na teoria. O Vitória precisa de um camisa 6.

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