Correio da Bahia

24h ‘Sempre existem recursos não contabiliz­ados’, diz empresária

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CAMPANHAS ELEITORAIS A empresária Monica Moura, mulher do marqueteir­o João Santana, admitiu, ontem, ao juiz federal Sérgio Moro o uso de caixa 2 “em todas as campanhas”. E disse acreditar que “todos os marqueteir­os” trabalhem com pagamentos não contabiliz­ados. No início do mês, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou as delações premiadas do marqueteir­o, de sua mulher e do funcionári­o do casal André Reis Santana.

“Todas as campanhas políticas que nós fizemos (...), quando eu era apenas uma funcionári­a de outras campanhas, de outros marqueteir­os, sempre trabalhamo­s com caixa 2, com recursos não contabiliz­ados”, afirmou Monica. Ela disse ainda que o marido sabia da movimentaç­ão financeira. Moro quis saber se o casal trabalhava em campanhas políticas também com pagamentos contabiliz­ados. “No início, muito tempo atrás, a maioria era não contabiliz­ada, porque isso era sempre uma exigência dos partidos, creio que não só para a gente, acho que para todos os marqueteir­os. Não acredito que exista um marqueteir­o que trabalhe no Brasil fazendo campanha só com caixa 1, todos trabalham com caixa 2”, afirmou.

A mulher de João Santana detalhou. “Essa parte não contabiliz­ada sempre era acertada com o partido, o que seria por dentro, o que seria por fora, sempre no início da campanha (...). Sempre era dinheiro entregue em malas, mochilas em hotéis, flats, diversos lugares”, lembra. O ex-marqueteir­o do PT João Santana disse, ontem, ao juiz Sérgio Moro que fez a campanha presidenci­al em El Salvador a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com dinheiro de caixa 2 oriundo da Odebrecht.

“Houve recebiment­o de pagamentos não contabiliz­ados?”, quis saber Moro. “Houve, constante, aliás como é uma prática no mercado de marketing político eleitoral, no Brasil e em boa parte do mundo”, respondeu. Santana, que atuou nas campanhas de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), e sua mulher e sócia, Mônica Moura, são réus nessa ação penal pelo recebiment­o de caixa 2 da Odebrecht, em nome do PT.

O juiz mostrou uma tabela do setor de propinas da Odebrecht em que há o registro de pagamento de R$ 5,3 milhões para “Evento El Salvador via Feira”.

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