Correio da Bahia

Estudante é a 20ª vítima da violência doméstica

- Hilza Cordeiro e Tailane Muniz mais@redebahia.com.br

Ex-namorado de 21 anos é principal suspeito da morte de adolescent­e

O namoro de Victória e Adriel durou onze meses. Mas, para Adriel Montenegro dos Santos, 21, o relacionam­ento com a adolescent­e de 15 anos deveria ter continuado por mais tempo. Sem aceitar o fim do namoro e separados há três meses, familiares, amigos e a polícia apontam o ex-namorado, que está foragido, como o principal suspeito de ter assassinad­o Andreza Victória Santana da Paixão, 15, com um tiro na nuca, na noite de anteontem, em Itapuã.

O crime aconteceu na varanda da casa de número 15 da Rua do Bispo, em Nova Brasília de Itapuã, onde Adriel mora. Até ontem, pelo menos 20 mulheres tinham sido mortas em Salvador vítimas de violência doméstica em 2017. O caso de Victória foi a 20ª notificaçã­o oficial.

Segundo algumas colegas de escola da garota – estudantes do Colégio Rotary, no Abaeté – Victória havia ido à aula anteontem e Adriel foi de carro buscá-la na saída. “Ele vivia chamando ela para conversar e ela dizia que não queria mais. Eu nunca vou entender o que levou ela a encontrar ele”, diz uma amiga.

Logo após o crime, Adriel desaparece­u do bairro. O pai de Adriel, que é policial militar, foi quem socorreu Victória depois que ela foi baleada na varanda da casa. Segundo a polícia civil, em depoimento, o pai de Adriel disse que não sabe onde o filho está e qual a arma que ele usou.

A varanda da casa onde a garota foi encontrada ferida foi aparenteme­nte lavada, segundo informou a polícia civil. A 1ª Delegacia de Homicídios (Atlântico), que investiga o caso, pedirá à Justiça a prisão temporária de Adriel. A investigaç­ão também aponta que Victória e Adriel namoraram por dois anos, o que foi negado pela melhor amiga da garota.

PERDA

No pátio do Instituto MédicoLega­l Nina Rodrigues (IMLNR), na manhã de ontem, andando de um lado para o outro, o comerciant­e Márcio da Paixão, 39, pai de Victória, não escondia a tristeza. O olhar perdido denunciava a perda.

Ao CORREIO, o pai da estudante disse que não sabia do relacionam­ento de Victória com Adriel e nem conhecia o suspeito. “Eu nunca ouvi falar nesse rapaz. Vi a foto dele agora, depois dessa tragédia”, afirmou. Márcio soube da morte da filha por vizinhos, quando voltava de uma caminhada.

Para o pai da menina, que criava a primogênit­a desde que se separou da mãe dela, há 13 anos, Adriel é o responsáve­l pelo crime. “Ele é um rapaz de má índole. Sequestrou, se apossou, se achou dono e matou minha filha, uma moça linda”, disse, acrescenta­ndo que não desconfiav­a do relacionam­ento da garota.

“Conversamo­s na semana passada, perguntei para ela se existia alguém porque, claro, ela era uma moça linda. Eu também já fui jovem, sei como é, mas ela me garantiu que não”, pontuou. Márcio lembrou da relação de companheir­ismo com a filha e pediu justiça.

“Eu espero que ela tenha sido a última. Que não seja mais um caso impune nessa Salvador violenta, que ela não tenha morrido em vão. E ele, que pague pelo que fez”, salientou. SAUDADES

Ontem de manhã, em frente à casa onde Victória morava com o pai, a madrasta e o irmão mais novo, um garoto de 2 anos, no Alto do Coqueirinh­o, também em Itapuã, cerca de 40 pessoas se reuniram e lamentaram a morte da estudante. Amparada por outros jovens, a melhor amiga da vítima, uma adolescent­e de 16 anos, não segurou o choro. “Minha linda, meu amorzinho, o amor da minha vida”, disse à reportagem.

Ao CORREIO, a menina relatou que Victória e Adriel mantiveram um relacionam­ento sem a permissão dos pais. “Ela terminou há muitos meses já. Ele era muito ciumento, possessivo e não aceitava ela ter muitos amigos, ela ser tão bonita”, disse.

Ainda conforme os amigos da vítima, o namoro foi tran-

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Comoção marcou sepultamen­to da jovem, que queria ser maquiadora

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