Compra do banco Pan entra na mira da polícia
CAIXA PARTICIPAÇÕES A Polícia Federal cumpriu, ontem, 41 mandados de busca e apreensão contra empresas e executivos por suspeita de gestão fraudulenta e temerária na compra de fatias do Banco Panamericano, que pertencia ao Grupo Sílvio Santos, pela Caixa Participações. A operação, batizada de Conclave, cumpriu medidas nas sedes das instituições financeiras envolvidas no negócio e nas casas da ex-presidente da Caixa Maria Fernanda Ramos Coelho, do empresário Henrique Abravanel, irmão de Sílvio Santos, e do banqueiro André Esteves, do BTG, sócio do Panamericano. Também foram recolhidos documentos e mídias no Banco Central, em Brasília, e em consultorias que deram aval aos negócios. A compra de uma parte do Panamericano (hoje Banco Pan) pela Caixa já é discutida em uma ação ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF), por conta de supostos crimes contra o sistema financeiro. Um inquérito aberto em Brasília apontou novos indícios de irregularidades, o que motivou a operação de ontem. A Caixa comprou 35% do capital social do Panamericano em dezembro de 2009, pagando R$ 739 milhões. Em julho, o Banco Central aprovou o negócio preliminarmente. Meses depois, o próprio BC revelou uma série de erros contábeis nos balanços do banco, entre os quais a venda de carteiras de empréstimo sem a devida baixa nos ativos. Os créditos fictícios inflaram os resultados da instituição, maquiando a situação real, de insolvência. Na prática, a Caixa investiu alto em uma instituição com rombo de R$ 3,8 bilhões, que teve de ser coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Trata-se “aqui, em linguagem simples e direta, de uma aquisição criminosa de um banco falido por um banco público”, sustentaram a PF e o MPF em documento enviado à Justiça Federal, que embasou a operação. Em maio de 2011, o BTG Pactual pagou outros R$ 450 milhões pelos 37,27% restantes.