Correio da Bahia

Fim da procura

- Bruno Wendel e Gil Santos mais@redebahia.com.br

Foram exatas 48 horas de agonia até que o mistério sobre o desapareci­mento do adolescent­e Guilherme dos Santos Pereira da Silva, 17 anos, chegasse ao fim. O corpo dele foi encontrado em um matagal, às margens da Avenida Luis Eduardo Magalhães, em um terreno que fica nos fundos do Restaurant­e Paraíso Tropical, no Cabula, na tarde de ontem.

Guilherme estava desapareci­do desde às 16h de segunda-feira (17), depois de invadir o terreno do restaurant­e para pegar frutas. A família dele acusa os seguranças do estabeleci­mento de terem baleado o adolescent­e e sumido com o corpo.

O dono do Paraíso Tropical, o chefe Beto Pimentel, nega as acusações. “O corpo encontrado não estava no terreno do restaurant­e. Eu ainda não sei o que aconteceu e a polícia está investigan­do”, disse. Ele contou que contratou seguranças para o terreno há semanas, depois que as galinhas que ele cria no local foram roubadas, mas que o funcionári­o estava de folga no dia do desapareci­mento de Guilherme.

BUSCAS

Por volta das 15h30 de ontem, três equipes do Corpo de Bombeiros chegaram na Rua Edgard Loureiro, no Cabula, onde fica o restaurant­e. Eles conversara­m com os funcionári­os e, em seguida, pegaram os equipament­os para iniciar as buscas. O objetivo era vistoriar o terreno para ver se o corpo tinha sido enterrado, deixado no local ou se havia alguma outra pista que pudesse ajudar os investigad­ores.

No total, 12 bombeiros entraram na mata que fica atrás do restaurant­e munidos de facões, bengalas de cego e cordas. Cerca de 1 hora depois, a procura terminou. Às 16h25, o corpo de Guilherme foi encontrado ao lado de uma trilha. O comandante do 3º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM/ Iguatemi), major Ramon Diego, foi quem liderou as buscas.

“Usamos os conhecimen­tos de busca e salvamento para localizar o corpo. Foram três equipes atuando em conjunto e levamos cerca de 1 hora para encontrá-lo. Ele estava ao lado de uma trilha e a perícia vai analisar as causas da morte”, afirmou.

Guilherme vestia uma camisa rosa e uma calça cinza, a mesma roupa com que desaparece­u na segunda-feira. A movimentaç­ão dos peritos do Departamen­to de Polícia Técnica (DPT) e dos policiais do Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no local atraiu a atenção de curiosos e provocou um pequeno congestion­amento na região.

O corpo de Guilherme foi retirado do matagal por volta das 18h. Ele estava com o rosto machucado e em decomposiç­ão. Amigos e vizinhos que chegaram logo após o resgate do corpo estranhara­m o local onde ele foi encontrado. Segundo eles, aquela área já havia sido vistoriada (veja ao lado).

Bombeiros encontram o corpo do jovem em matagal

DESAPARECI­MENTO Guilherme passou o feriado da Semana Santa na Ilha de Itaparica, em um passeio, e voltou para casa no Domingo de Páscoa. No dia seguinte, ele e outros três moradores de Pernambués resolveram ir até o quintal do restaurant­e para pegar frutas. Segundo os vizinhos do adolescent­e, essa era uma prática comum.

“A gente, às vezes, pegava para comer e outras vezes para vender. O local tem muitas frutas, algumas ficam estragadas e maduras, então, a gente não via problema em pegar algumas e o dono nunca reclamou. Até acontecer o que aconteceu”, contou o autônomo Rodrigo Oliveira, 19.

Segundo os familiares de Guilherme, os três amigos estavam sentados comendo algumas frutas quando foram surpreendi­dos por um homem armado. O suspeito atirou contra o grupo e todos correram. Quando perceberam que Guilherme havia ficado, os amigos retornaram, mas o adolescent­e não foi achado.

O amigo Rodrigo estava sentado na escada de casa, em Pernambués, quando viu a mãe de Guilherme passar apressada e nervosa. Ele procurou saber o que estava acontecend­o e saiu junto com outros moradores em busca do amigo. Depois de passar alguns minutos na mata, eles decidiram ir ao IML e depois aos principais hospitais da cidade em busca de notíciais, mas também não tiveram sucesso. Enquanto isso, a mãe e o pai procuraram a polícia, na noite da segunda-feira, para registrar o desapareci­mento.

SINAIS

Uma equipe do DHPP já havia vistoriado o terreno do restau-

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Corpo de Guilherme foi encontrado, no final da tarde de ontem, em um matagal nos fundos do restaurant­e
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Na segunda-feira (17), família entrou no terreno e encontrou boné de Guilherme e sandália suja de sangue

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