O terror que vem do espaço sideral
Um dos maiores dilemas da humanidade, depois da ancestral dúvida sobre a existência concreta de Deus, talvez seja sobre a vida fora do planeta Terra. O misto de ficção científica e suspense Vida, dirigido por Daniel Espinoza, mostra que a resposta é afirmativa. Mas o filme estrelado por Ryan Reynolds (Deadpool) e Jake Gyllenhaal (Animais Noturnos) também propõe outro questionamento, mais urgente. O ser humano está mesmo preparado para a convivência com toda e qualquer espécie alienígena?
Num primeiro momento, os seis cientistas que ocupam estação espacial com a carga mais valiosa da história demonstram um otimismo fora do comum com a boa nova. Encantados, admiram a pequena célula marciana, batizada de Calvin, que, reanimada mecanicamente do estado fóssil para o funcional, parece evoluir rapidamente e reagir positivamente a estímulos improváveis.
Mas, após um acidente com a caixa de contenção, que vitima um dos cientistas, o jogo vira e a criatura passa a liderar um jogo de gato e rato pela sobrevivência. Sendo que a estranha espécie tem a seu favor o extermínio da vida original de Marte. Bom, é o que se sabe - e até agora nenhum spoiller se você assistiu ao trailer.
Se distanciando de questões existenciais, Vida se inspira declaradamente no clássico Alien - O Oitavo Passageiro (1979), de Ridley Scott. Até no suspense da perseguição que se estabelece dentro do ambiente claustrofóbico da estação que orbita a Terra.
Apesar do nome latino, o diretor Daniel Espinosa é um sueco que faz carreira em Hollywood, com um ainda curto currículo de filmes de ação e se aproveitou disso para impor o ritmo em Vida, escrito por Rhett Reese e Paul Wernick (de Deadpool e Zumbilândia) com base num orçamento pequeno para os padrões das obras do gênero. Seu trabalho é servir como barreira para que Calvin desça à Terra e, como em Marte, justifique sua existência. Até porque, como já dizia o slogan de Alien, “no espaço, ninguém pode ouvir você gritar”. Calvin sabe disso.