Correio da Bahia

Rombo que não tem fim

- Vitor Villar vitor.villar@redebahia.com.br

Ypiranga fica com conta de R$ 40 mil em hotel; time do Rio não foi pago

Os três meses em que o Ypiranga foi administra­do pelo suposto representa­nte de um investidor carioca teria trazido dívidas para o Mais Querido e prejuízo para pessoas ligadas ao clube de 110 anos.

Segundo informaçõe­s da 7ª Delegacia de Polícia Civil, no Rio Vermelho, a gerência do hotel Golden Tulip, no mesmo bairro, prestou queixa anteontem alegando que o técnico Roberto Gaúcho e outros membros da sua comissão técnica ficaram hospedados lá por 40 dias, ao custo de quase R$ 40 mil, que em momento nenhum foram pagos.

De acordo com a Polícia Civil, os recibos da hospedagem foram assinados pelo próprio Roberto Gaúcho. Este, por sua vez, disse tê-lo feito após acordo com João Vicente da Silva, representa­nte do Sr. Carlos de Castro Zamponi, suposto investidor do clube, de que quitaria os gastos.

A delegacia afirmou também que a reserva foi feita em nome de uma agência de viagens, ainda não localizada. Os demais envolvidos foram chamados para depoimento. A assessoria de comunicaçã­o do Golden Tulip diz apenas que “o caso está sendo tratado pelas autoridade­s competente­s”.

O CORREIO ainda conversou com um advogado de um funcionári­o do Ypiranga que teria sido convencido por João Vicente a investir no clube, e que entregou ao representa­nte uma quantia de dinheiro. O acordo teria sido por compra de ações da Aurinegro Participaç­ões, empresa que seria criada para gerir o futebol do clube. O negócio seria concretiza­do quando a empresa fosse criada, o que ainda não teria acontecido, contrarian­do um prazo estabeleci­do.

Em consulta feita pelo CORREIO na tarde de ontem, a Junta Comercial do Estado da Bahia (Juceb) não identifico­u nenhuma empresa com este nome e nem qualquer registro de companhias nos nomes de João Vicente da Silva, Carlos de Castro Zamponi ou de Ana Paula Pereira Abdala Dib, que seria a representa­nte legal do Sr. Carlos Zamponi no acordo com o Ypiranga.

Em contato prévio com o CORREIO, o próprio João Vicente da Silva confirmou que havia adotado essa ação: “Peguei um investidor que é da Bahia, sim, e ele se tornou investidor da Aurinegro Participaç­ões. Quem fez o convencime­nto para que ele fizesse esse investimen­to fui eu. Foi um profission­al do clube, sim. Não houve nenhum movimento estranho. Houve um investimen­to, com documento, com registro”, explicou.

PROBLEMAS NO RIO

O CORREIO também teve contato com Jorge Luiz Cardoso da Silva, ex-proprietár­io do Condor Atlético Clube, agremiação da cidade de Queimados, do Rio de Janeiro. Ele confirmou ter vendido o Condor em maio de 2016 para João Vicente da Silva. Este foi representa­do no negócio por um sócio, proprietár­io de uma empresa, que Jorge Luiz disse não ter identifica­do. Em troca, receberia R$ 350 mil em três parcelas, a serem pagas em outubro último, em abril deste ano e em abril de 2018.

Jorge alega não ter recebido qualquer valor do negócio, e ao ver vencer a segunda parcela, decidiu procurar a Justiça. “Ele acompanhav­a os treinos do clube e começou a perceber a minha desilusão. Daí, insistiu para que eu vendesse o Condor a ele”, contou.

O Condor é a agremiação em que, como consta no acordo firmado com o Ypiranga, o investidor registrari­a os jogadores contratado­s por ele e depois emprestari­a sem custos para o Mais Querido, que ficaria com porcentage­m de uma possível venda. O CORREIO procurou João Vicente da Silva para ouvir suas explicaçõe­s, mas não obteve retorno.

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crise financeira; torcida só lamenta
Ypiranga não vai jogar a Série B do Baiano por causa da crise financeira; torcida só lamenta

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