Contra game, surge o Baleia Rosa
provocam esses tipos de atitudes nos jovens é porque eles já estão adoecidos. Então, é preciso estar atento a quem são esses jovens que poderiam despertar para isso e por que despertariam. O jovem saudável não se abala. Ele acha bizarro, idiota esse tipo de jogo, mas não se envolve”, explica.
Por isso, Cynthia recomenda que os pais estejam atentos às mudanças de comportamento e que procurem a escola caso percebam algo de anormal. “A gente orienta que eles monitorem os meninos, peçam para ver os celulares, assistam as coisas juntos. Quanto à série, recomendo que os menores não devem ver, porque eles ainda não têm discernimento de compreender”, diz.
Mesmo que o adolescente não fale sobre o assunto, é importante que exista o diálogo. “Escute o que ele já sabe, questione, é importante falar a verdade, explicar que é um jogo perigoso”, explica.
TRABALHO CONJUNTO
A orientadora educacional do Colégio Mendel, de Vilas do Atlântico, Trissiane Carvalho, diz que a instituição reuniu três professores para falar com os estudantes do ensino médio sobre como eles estão vendo esse movimento gerado em torno do Baleia Azul. “Os professores de Filosofia, Sociologia e Redação usaram horários da manhã para conversar com os estudantes”, afirma.
Segundo ela, o resultado foi animador e a escola já estuda a possibilidade de levar um especialista para tratar dos riscos que o mau uso da internet pode trazer. “Queremos falar não apena do Baleia Azul, mas de outros riscos que esses jovens podem se meter”, diz. Além disso, deverá ser realizado ainda um trabalho junto com os pais dos estudantes.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SMED), estão sendo discutidas medidas que visem conscientizar alunos, professores e pais. Segundo a subsecretária de Educação, Rafaela Pondé, nos próximos dias devem ser emitidos documentos na rede.
“O assunto é muito recente e, por enquanto, ele está sendo discutido internamente. Precisamos ficar atentos e utilizar o ambiente escolar como um espaço de conscientização”.
A preocupação também está presente na rede estadual, onde está sendo preparado um material para ser distribuído entre as escolas. O comunicado alerta para a importância do diálogo. “Fomos pegos de surpresa com toda essa movimentação. Estamos elaborando um comunicado para as escolas, na perspectiva de que seja feito esse diálogo”, explica o coordenador de Educação Ambiental e Saúde, Fábio Barbosa. Na maré contrária do game que vem sendo notícia por disseminar o medo entre pais de crianças e adolescentes, um designer e uma publicitária do estado de
São Paulo tomaram uma atitude que busca espalhar a cooperação e a alegria entre as pessoas.
Criado há pouco mais de uma semana, o site Baleia Rosa apresenta 50 tarefas do bem que precisam ser cumpridas e compartilhadas nas redes sociais. Missões como conversar com alguém que você não fala há muito tempo, dar bom dia, agradecer e ser gentil com todas as pessoas que te cercam e ser você mesmo são algumas tarefas.
Em entrevista ao CORREIO, um dos idealizadores da página, que não quis se identificar, contou que o site surgiu como um contraponto ao ‘jogo’ Baleia Azul. “Já que aquele jogo está trazendo tantas notícias ruins, resolvemos fazer algo que fosse justamente o contrário disso. Porque acreditamos que essa seria a melhor forma de abafar a história”, contou. Hospital Juliano Moreira (Narandiba) Emergência com atendimento psiquiátrico funciona 24 horas.
Hospital Mário Leal (IAPI) Também conta com emergência 24 horas para atendimento psiquiátrico.
5º Centro de Saúde (Avenida
Oito dias após entrar no ar, a página do Facebook do Baleia Rosa já acumulava mais de 200 mil seguidores e outros milhares de pedidos de ajuda. “Em apenas 24 horas, aumentamos 140 mil pessoas. Um dia, quando acordei, já tinham 2 mil mensagens no inbox e muitas delas eram pedidos de ajuda”, contou o publicitário responsável.
Por conta desse grande número de seguidores em busca de socorro, os criadores do Centenário) Emergência com atendimento psiquiátrico funciona 24 horas.
Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (Neps) É vinculado ao Centro de Informações Antiveneno (Ciave) e funciona no Hospital Geral Roberto Santos. Oferece atendimento ambulatorial. site preferiaram o anonimato. “Não queremos personificar o personagem Baleia Rosa para evitar que as pessoas sintam qualquer tipo de constrangimento ao nos procurar”, explica.
A demanda exigiu dos criadores ajuda de especialistas. Uma psicóloga amiga dos idealizadores está respondendo àquelas pessoas que estão passando por problemas mais graves por conta do game Baleia Azul.
“São pessoas que dizem já terem se mutilado, que estão com medo de morrer e que querem abandonar o jogo”, disse o publicitário. Outros casos ainda estão sendo encaminhados para o Centro de Valorização da Vida (CVV).
Além do site, o Baleia Rosa está presente em redes sociais como Facebook, Twitter, Instagram e ainda possui uma playlist no Spotify. Como todo o trabalho de manutenção do site e das redes é voluntário, os idealizadores estudam a possibilidade de, em breve, lançar produtos com a marca Baleia Rosa cujas vendas serão revertidas para o movimento. Centros de Atenção Psicossocial (Caps) A rede Caps está presente na capital e no interior e também oferece tratamento ambulatorial.
Centro de Valorização da Vida (CVV) Além do serviço presencial, em Nazaré, atende pelo 141 ou pelo site www.cvv.org.br. Para o psicólogo e diretor de Educação da organização Safernet Brasil, Rodrigo Nejm, o diálogo aberto entre pais e filhos é a principal medida preventiva para evitar que crianças e adolescentes corram algum tipo de risco no ambiente virtual.
Nejm esclarece que os pais precisam ter consciência que a internet é a maior praça pública do mundo e que é possível encontrar pessoas de todos os tipos: “Só no Facebook temos mais de 1 bilhão de usuários e, infelizmente, existem muitas pessoas que não estão bem intecionadas”.
Ele diz ainda que os pais precisam, desde muito cedo, criar o hábito de navegar na internet junto com os seus filhos e criar regras de usos para esses dispositivos ligados à rede: “Os pais não devem tratar um tablet, computador ou smartphone como se fosse um brinquedo qualquer, diante da interação que esses dispositivos proporcionam”.
Nejm reforça que a proibição não é uma medida eficaz para controlar o acesso dos filhos a determinados conteúdos. “Proibir o acesso à internet, confiscar celular e monitorar o uso de aplicativos através de programas ‘espiões’ são medidas pouco educativas e fadadas ao fracasso. Elas não previnem os riscos e comprometem o vínculo de confiança”, diz publicação da Safernet.
Ainda de acordo com o especialista, o cuidado que os pais devem ter ao monitorar o acesso dos filhos à internet é mesmo para lidar com outras áreas da formação das crianças. “Pais e professores têm que educar as crianças para que elas tenham capacidade crítica em qualquer ambiente, inclusive na web”, diz.
O psicólogo e conselheiro do Conselho Regional de Psicologia da Bahia (CRP-03) Anderson Fontes alerta que é preciso observar os sinais. “Esses jovens normalmente já apresentam sinais, já têm ideias suicidas, baixa autoestima, sinais de depressão, e estão nesses jogos como ‘Baleia Azul’ e encontram o que faltava. Esse jogo vai captar quem já tem fragilidade. A família deve participar da vida dos adolescentes porque nesses jogos eles enxergam o alicerce que falta”.