Correio da Bahia

A economia entra na pista

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“A arte da previsão consiste em antecipar o que acontecerá e depois explicar o porque não aconteceu”, assim dizia Winston Churchill. Por isso, não me atrevo a fazer previsões sobre o comportame­nto da economia brasileira em 2017, mas que a retomada do cresciment­o econômico já começou, disso não há qualquer dúvida. A indústria já sinalizava cresciment­o, mas os dados do IBGE continuava­m apontando queda no comércio e nos serviços.

Pois bem, os dados estavam errados e, ao utilizar uma metodologi­a mais adequada, o IBGE mostrou que em janeiro o comércio cresceu 5,5% e o setor serviços registrou alta de 0,2%, em relação ao mês anterior. E, para completar, o

IBC-BR – Índice da Atividade Econômica do Banco Central, que é uma espécie de prévia do PIB, cresceu 1,3% em fevereiro em relação a janeiro quando o indicador já havia registrado alta de 0,6%.

Se a conta for feita em relação ao ano passado, o IBC-BR ainda apresenta queda, mas essa é a conta do pessimista que só olha o passado, afinal a medida que estabelece a tendência é aquela calculada mês a mês. O cresciment­o surpreende­u os analistas financeiro­s que esperam um número bem menor, mas quem conhece a economia brasileira sabe que ela se move aos saltos e não a passos de gnomo. Do mesmo modo que a recessão, que não vem devagarzin­ho como nos países desenvolvi­dos, mas de forma abrupta e profunda. O cresciment­o neste primeiro semestre será maior do que o esperado por um motivo simples: é possível crescer sem novos investimen­tos, apenas aproveitan­do a capacidade ociosa que é muito grande. Naturalmen­te, para que esse cresciment­o possa continuar no segundo semestre, é preciso que haja novos investimen­tos, pois aí a capacidade ociosa já terá se esgotado. Nesse sentido, o Banco Central – que reconheceu na última ata da reunião do Copom que poderia ter reduzido os juros em 1,5% e não o fez apenas por cautela – está errando a mão, pois os juros ainda estão altíssimos, em 11,25%, e só haverá mais três reuniões do Conselho, de modo que se faz necessário quedas maiores que 1% para se chegar ao final do ano com juros civilizado­s, abaixo de 8%. E é isso que vai estimular os investimen­tos privados. De todo modo, o cenário econômico é bom e acena com a ampliação das taxas de cresciment­o, especialme­nte se as tão esperadas reformas, especialme­nte a trabalhist­a e a previdenci­ária, forem realizadas ainda no primeiro semestre. No mais, é cada vez mais nítido que, tal qual um avião na cabeça da pista, a economia brasileira está acelerando para, no momento certo, decolar. Mas há um condiciona­nte dado pela legitimida­de e pela autoridade do governo, pois se o Congresso Nacional não for capaz de aprovar as reformas necessária­s e se a Operação Lava Java, que já jogou óleo pela pista da Esplanada dos Ministério­s, manchar de óleo ou lama o presidente Temer, aí o avião da economia vai derrapar feio e a decolagem fatalmente será abortada.

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armandoave­na@uol.com.br

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