Duas décadas depois, mais um encontro
O começo foi meio casual: Geraldo Azevedo e Zé Ramalho faziam um show no Canecão, no Rio, em 1996, e viram, na plateia, os amigos Elba Ramalho e Alceu Valença. Convidaram os dois para uma participação e a sintonia foi tão grande que, dias depois, os quatro começaram a ensaiar para uma apresentação conjunta.
Logo, estavam juntos para a estreia de um dos mais bemsucedidos projetos da música brasileira nos anos 90: O Grande Encontro, cujo CD teve mais de um milhão de cópias vendidas. Depois, viriam mais dois discos e um DVD.
Agora, 21 anos depois, surge uma reedição daquele encontro, que passa amanhã por Salvador, na Concha Acústica, às 19h. Dessa vez, eles vêm desfalcado de Zé Ramalho, que preferiu dedicar-se a outros trabalhos.
BANDA
Se aquela versão era baseada em um formato acústico, agora Elba, Alceu e Geraldo vêm acompanhados de uma banda. “Precisava ter um diferencial em relação ao show de 20 anos atrás e decidimos eletrificar a sonoridade. Mas há momentos acústicos”, diz Alceu.
No repertório, continuam clássicos como Anunciação, Banho de Cheiro e Táxi Lunar. Outras duas canções, que andavam meio esquecidas, foram incluídas: Papagaio do Futuro e Me dá um Beijo, que faziam parte do primeiro álbum da carreira de Alceu e Geraldo, gravado em dupla.
“Papagaio do Futuro nos marcou. Eu e Geraldo fomos à casa de Jackson do Pandeiro e o convidamos para cantar com a gente. Jackson estranhou aqueles dois cabeludos e achou que fôssemos da Jovem Guarda, que ele detestava (risos). Quando escutou a música, ficou exultante. Disse que era a embolada do século XXI”, lembra-se Alceu.
De Zé Ramalho, foram incluídas as músicas Chão de Giz, na voz de Elba, e Frevo Mulher, que todos cantam juntos. “Zé é um querido amigo e parceiro, começou tocando na minha banda e depois despontou como o grande artista que é”, lembra Alceu.
O show que chega a Salvador já passou por cidades como São Paulo e Rio e, segundo Elba, o público não é formado apenas pelos que queriam matar a saudade: “Há uma grande renovação, tem famílias inteiras reunidas. Existe uma memória afetiva e uma geração que cresceu ao som dos discos do Grande Encontro”.