Vítimas de chacina foram mortas com tiros e golpes de facão
MATO GROSSO As nove vítimas de uma chacina rural na Gleba Taquaruçu do Norte, a 1.062 km de Cuiabá, foram assassinadas com golpes de facão e disparos de arma de fogo. Parte das vítimas teve o rosto mutilado no crime ocorrido na quinta-feira passada. Ontem, os corpos foram levados para a cidade de Colniza, no extremo noroeste de Mato Grosso. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a motivação do ataque é disputa por terras na região. Todas as vítimas eram homens e evangélicos – entre os mortos está um pastor. A violência impressionou policiais e peritos enviados ao local da chacina. De acordo com a Polícia Civil, a suspeita é de que os autores do crime sejam capangas contratados por fazendeiros. Homens encapuzados atacaram o assentamento onde vivem cem famílias. “Os assassinos entraram de barraco em barraco matando as pessoas”, contou a policial Elizângela Nunes. Segundo ela, “os corpos estão em estado de decomposição” e passam por necropsia em uma sala improvisada no cemitério. Oito das nove vítimas foram identificadas ontem. A Secretaria da Segurança Pública já informou que três delas eram de Rondônia e três de Guariba, uma gleba também de Colniza. A origem três delas ainda não foi divulgada. O secretário Elizandro Jarbas afirmou que é “prioridade” do governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PSDB), descobrir e punir os autores da chacina. Segundo ele, foi montada uma força-tarefa entre as polícias Civil e Militar para acelerar as investigações. Amanhã, chegarão mais policiais à região. Nenhum dos assassinos foi identificado nem preso. O município de Colniza está em uma região marcada por conflitos entre fazendeiros, índios, trabalhadores rurais, madeireiros e garimpeiros.
Cercado por reservas indígenas, quatro grandes parques nacionais (Juruena, Campos Amazônicos, Jaru e Aripuanã), além de três reservas estaduais, o município nasceu de um projeto da empresa de garimpo Colniza Colonização, que deu o nome à cidade. Em 1986, quando se tornou município, Colzina concentrava três garimpos de ouro. A Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetagrii-MT) em nota lamentou “o agravamento do clima de tensão na região” e cobrou providências das autoridades responsáveis. O Movimento dos Sem Terra (MST) considerou uma “tragédia anunciada” o assassinato dos nove homens. Também em nota, o MST lamentou que a chacina não seja um fato isolado. Segundo o movimento, a Comissão Pastoral da Terra
(CPT) apontou a região como uma das mais violentas do Brasil.